O senador Cid Gomes (PDT-CE) defendeu nesta quarta-feira, 19, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar e propor medidas de segurança sobre o sigilo das comunicações, e também apurar se houve conluio entre o Poder Judiciário e o Ministério Público no caso de supostas mensagens trocadas entre o agora ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e procuradores da Lava-Jato. Segundo o senador, já há um requerimento pronto para isso.
"Uma CPI para investigar e propor medidas para dar mais segurança e garantia ao sigilo das nossas comunicações de um lado, e que procure investigar de forma isenta quem foram os responsáveis por esse caso e outros especificamente e proponha punições, e investigue se houve conluio entre o poder Judiciário, o integrante da magistratura, e o Ministério Público", sugeriu o senador.
Ao responder Cid Gomes, Moro afirmou que, sobre o conteúdo das supostas mensagens, ele se dispôs a prestar esclarecimentos na CCJ e que, dentro deste contexto, acredita ter demonstrado que não existiu "nenhuma espécie de convergência entre MP e Judiciário em absoluto nesses processos". "E essas supostas mensagens hackeadas, não demonstraram aquilo que, com sensacionalismo, o referido site pretende afirmar", respondeu Moro.
Sobre as invasões, o ministro da Justiça destacou que a Polícia Federal já está investigando. "E certamente vai fazer com dedicação e isenção", respondeu Moro.
Parcialidade
Cid Gomes, que é irmão do candidato derrotado à presidência da República em 2018, Ciro Gomes, também disse que Moro está repetindo "3 ou 4 mantras" ao responder as perguntas dos parlamentares. "Não que eu desconfie da palavra da vossa excelência, mas, da mesma forma que citou pessoas que não enxergam conluio, há muitos outros juristas e advogados que dizem o contrário, que acham que sua atuação está comprometida, eu não quero tomar partido", continuou o senador.
Cid Gomes ainda criticou a postura do ex-juiz federal na condução dos processos da Lava Jato, que, para o senador, foi "sensacionalista".
"A Lava-Jato continua e ninguém sabe o nome do juiz da operação em Curitiba, isso é mais do que prova de que a postura ao longo do seu posicionamento lá era uma postura de sensacionalismo, de querer aparecer, de se colocar como um salvador da pátria", afirmou.