O são-joão não terá vez este ano na Câmara dos Deputados, com parlamentares, principalmente os do Nordeste, pressionados a retornar das festas juninas para votar a reforma da Previdência (PEC 6/19). O presidente da comissão especial da reforma, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), convocou nova reunião para a próxima terça-feira, às 9h, e mandou avisar que será rigoroso com faltosos. Ramos disse ainda que nada impede que a votação comece no mesmo dia em que for encerrada a discussão, o que deixa parlamentares em situação ainda mais delicada. Já virou habitual o recesso branco na Câmara durante as festas juninas, que homenageiam Santo Antônio (13), São João (24) e São Pedro (29). Por causa da forte tradição junina no Nordeste, parlamentares da região costumam se ausentar das sessões para participar das festividades. Com a reunião na terça, deputados, em tese, não conseguiriam emendar todas as festas, como de praxe.
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Reforma da Previdência: Proposta de usar recurso do FAT racha PSDBReforma da Previdência: discussões seguem em meio a semana de São JoãoNa última sessão da comissão especial, 71 deputados se posicionaram. Se não houver desistência, ainda há 78 inscritos para falar. Ainda assim, a Câmara trabalha para aprovar as mudanças na aposentadoria na comissão até o fim da semana e no plenário até antes do recesso de julho, na segunda quinzena.
Entre as mudanças em relação ao texto original, o relator manteve a idade mínima de 62 anos para mulheres e de 65 anos para homens após o período de transição, mas alterou o tempo mínimo de contribuição para 20 anos para homens e 15 para mulheres. O relator também retirou o sistema de capitalização da reforma. As alterações reduziriam a economia para R$ 913,4 bilhões até 2029. No entanto, o deputado decidiu propor a transferência de 40% de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para a Previdência Social e aumentar tributos sobre os bancos, o que reforçaria as receitas em R$ 217 bilhões, resultando na economia final de R$ 1,13 trilhão, próximo da economia inicial de R$ 1,23 trilhão estipulada pela área econômica.
CRÍTICAS De acordo com o deputado Pedro Paulo (DEM-RJ) o problema da capitalização foi ter sido encaminhada de maneira genérica. "Eu salientei que o erro principal da capitalização foi ter vindo de maneira genérica e não ter sido acompanhada de um encaminhamento de um projeto de lei complementar”, disse.
O deputado Fábio Henrique (PDT-SE) sugeriu mudanças nos pedágios, que são o tempo extra que o trabalhador precisa cumprir além daquele que faltaria pelas regras atuais. A regra proposta pelo relator prevê que trabalhadores do regime geral e do regime próprio cumpram um pedágio de 100%, ou seja, o dobro do tempo que falta para se aposentar. "Nosso partido propõe que ele seja de 50% para os servidores públicos – visto que o servidor, pela regra da estabilidade, tem a possibilidade de pelo menos saber que vai ter como cumprir os 50%.