Os deputados estaduais aprovaram com 50 votos favoráveis e nenhum contrário, na manhã desta quarta-feira (26), a Lei de Diretrizes Orçamentárias do governador Romeu Zema (Novo) para 2020, prevendo um rombo de R$ 11,3 bilhões para o estado no ano que vem.
Com a votação, na prática, os parlamentares ficam liberados para as férias, que só começam oficialmente no dia 18 de julho. Eles garantem, no entanto, que vão continuar os trabalhos.
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Zema propõe mudança na Constituição de Minas para facilitar privatização de estataisZema participa de happy hour com deputados da base na ALMGDeputados do partido de Zema na ALMG querem recompensa por economizarTradicionalmente, a proposta de LDO é pautada para votação no último dia dos trabalhos do primeiro semestre, já que após votá-la os deputados podem entrar de recesso. A aprovação em plenário hoje também foi bem mais rápida do que em anos anteriores.
O presidente da Assembleia, deputado Agostinho Patrus (PV), colocou o texto na pauta de três reuniões um dia depois de se reunir com o governador Romeu Zema e afirmar que trabalharia pela manutenção do veto que libera os jetons para o secretariado.
Pauta trancada
Nos bastidores, a estratégia de antecipar a votação da LDO ocorreu porque o veto de Zema a vários pontos da reforma administrativa começa a trancar a pauta na semana que vem. Com isso, nenhum projeto poderia ser votado sem que eles fossem analisados pelo plenário. E pela Constitução, os parlamentares só podem entrar de recesso depois de aprovar a LDO.
Na prática, a decisão deixa nas mãos dos parlamentares a decisão de apreciar os vetos e demais projetos que tramitam na Casa até o dia 18 de julho ou só depois da volta das férias, no dia 1º de agosto.
De acordo com a lei aprovada, o orçamento de Minas Gerais para o ano que vem vai prever uma receita de R$ 102,2 bilhões e uma despesa de R$ 113,5 bilhões
Trabalhos continuam
Apesar da antecipação da votação, os líderes garantiram que a intenção não é antecipar o recesso.
Segundo o líder da base, deputado Gustavo Valadares (PSDB), os vetos ainda podem ser votados neste semestre.
O parlamentar afirmou que a intenção é votar o veto dos jetons antes de ele entrar em faixa constitucional. "A LDO votamos porque teve acordo entre todo mundo, não tinha razão ficar segurando. Tudo continuará normal”, garantiu.
O líder de um dos blocos independentes da Casa, deputado Cássio Soares (PSD), também afirmou que a votação ocorreu “porque as discussões feitas em comissão foram exauridas” e que não vai haver prejuízo da sequência dos trabalhos.
O líder do governo Luiz Humberto (PSDB) atribuiu a votação relâmpago, se comparada a anos anteriores, ao consenso obtido. “Quando o projeto é votado rápido é porque teve uma ampla negociação com os líderes e vejo que não teve muita polêmica. Tivemos apenas dois destaques, o que mostra que o relator (Hely Tarquínio) soube muito bem conduzir essas questões atendendo aos projetos que farão parte orçamento ano que vem”, disse.
Rombo no caixa
Integrante da mesa, o deputado e 3º vice-presidente Alencar da Silveira Jr. (PDT) disse que a votação em novo estilo ocorreu por causa da “modernização” da Assembleia. “Foi para não votar a LDO na correria, como era antes, botando tudo para votar no último dia”, disse. Ele admitiui que, na prática a Casa, pode entrar de recesso, mas afirmou que as férias serão só depois do dia 18.
O líder da oposição, deputado André Quintão (PT), afirmou que não existe novidade na LDO, que mantém um “deficit estrutural” do estado.
Emendas
Segundo o petista, os números reforçam a ideia de que o governo de Minas deve investir na cobrança dos recursos que deixaram de vir para o estado por causa da Lei Kandir, que desonerou as exportadoras do pagamento de ICMS. “Isso revela para os mineiros a importância de Minas exigir aquilo que é de direito”, disse.
Além do veto parcial à reforma administrativa, a Casa precisa apreciar um projeto de lei do governador Zema que remaneja R$ 24 milhões do orçamento deste ano. O texto é o de maior interesse dos deputados porque os recursos são para o pagamento de emendas parlamentares.
O Legislativo também aguarda o envio das propostas necessárias para a adesão de Minas ao regime de recuperação fiscal do governo federal, que incluem privatizações de estatais. Nesta terça-feira, Zema antecipou que vai enviar uma proposta para acabar com o referendo necessário para desestatizar a Cemig e a Copasa.
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