Preso na Espanha com 39 kg de cocaína em voo da Força Aérea Brasileira (FAB), o segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues não demonstra ter uma vida de ostentação e devia, até o início do mês, inclusive o condomínio. Pagou o débito, de R$ 1.381,25, referentes a três parcelas do condomínio de um apartamento em Taguatinga, depois de ter sido cobrado judicialmente. Nesta quinta-feira, 27, a Aeronáutica informou que a investigação sobre tráfico de drogas correrá sob sigilo.
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Foi 'falta de sorte' prisão de militar com cocaína na véspera do G-20, diz HelenoMilitar preso na Espanha fez 29 viagens em aviões FAB e acompanhou 3 presidentesVídeo: Enquanto fuma, militar chama FAB de ''Força Aérea da Biqueira''Ministra quer pena maior para militar traficanteCocaína encontrada com sargento da FAB é avaliada em R$ 5,6 milhões, diz El PaísO imóvel de Rodrigues fica num condomínio com piscina e salão de festa, a cerca de 30 km do Palácio do Planalto. O apartamento está ocupado, mas os funcionários do prédio não disseram se o sargento vive no local e também se recusaram a interfonar, a pedido da reportagem.
O preço de uma propriedade no condomínio varia de R$ 150 mil a 210 mil (há opções de 2 e 3 quartos), e alugueis vão de R$ 1 mil a R$ 1,6 mil, de acordo com condôminos ouvidos pelo Estado.
Conforme informações do Portal da Transparência, Rodrigues recebe, atualmente, salário bruto de R$ 7.298,10. Segundo estimativas de preços disponíveis em relatório do Escritório para Drogas e Crime da Organização das Nações Unidas (Unodoc), os 39 kg de cocaína encontrados na mala do sargento poderiam render cerca de R$ 5,8 milhões.
Além do imóvel em Taguatinga, o sargento seria proprietário de um apartamento na Asa Sul, em Brasília, onde hoje vivem a ex-mulher e dois filhos. Segundo vizinhos, ele já não mora no local há cerca de dois anos. Segundo moradores do prédio, Rodrigues é uma pessoa simples, calada, que não aparenta sinais exteriores de riqueza e costuma andar de moto, não com carrões importados. Eles se disseram surpresos com a notícia da prisão por tráfico de drogas.
Sigilo
O Comando da Aeronáutica se recusou a informar se Rodrigues foi submetido a alguma vistoria antes de embarcar no avião oficial. Em entrevista a jornalistas convocada pelo Ministério da Defesa, o porta-voz da FAB, major-aviador Daniel Rodrigues Oliveira, afirmou apenas que a praxe é que tripulantes sejam revistados.
"O fato em si é objeto da investigação e corre sob sigilo. Existe um controle dos tripulantes e das bagagens", afirmou Oliveira, acrescentando que a vistoria inclui "raio-X e tudo aquilo que seja necessário". Ele, no entanto, não especificou quais medidas são essas.
'Live'
Bolsonaro também voltou ao assunto nesta quinta-feira ao afirmar, em sua live semanal, que o militar pagará um "preço alto". "Se estivesse no nosso avião seria uma falha nossa, mas no meu avião até minha bagagem é revistada. Ninguém pergunta se deve revistar minha bagagem, sabe que tem de revistar e ponto final", disse o presidente.