Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para ser vice-líder do governo no Congresso, o deputado Pastor Marco Feliciano (Podemos-SP) se tornou um dos mais próximos interlocutores do Planalto. O parlamentar viaja com Bolsonaro em agendas oficiais e participa de "lives" com o presidente, de quem tem sido uma espécie de "porta-voz informal".
Depois que Bolsonaro admitiu disputar a reeleição, durante ato evangélico, Feliciano se apresentou como candidato a vice para o que chamou de "chapa dos sonhos". Ao Estado, o deputado disse que não é cedo para falar de 2022 e que é "legítimo" o presidente já "marcar território".
O sr. espera compor uma chapa presidencial em 2022 se Jair Bolsonaro disputar a reeleição?
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Eu assumi a vice-liderança do governo no Congresso com a missão de aproximar o presidente de um grupo que é a Frente Evangélica, que representa 1/5 do Parlamento. Percebi que o presidente, embora tivesse apoio dos evangélicos, conhecia muito pouco das grandes lideranças nacionais.
O senhor pediu o impeachment do vice- Hamilton Mourão. Como Bolsonaro recebeu o episódio?
Foi uma questão muito particular minha. Ele é muito ético e jamais falaria de uma pessoa como o Mourão, que é vice dele. Como vice-líder do governo, não pude ficar calado vendo o que estava acontecendo.
O que Bolsonaro achou disso?
O presidente nunca se meteu nessa história. Mas só pelo fato de ele não me repreender publicamente sendo eu vice-líder do governo, já é o tal silêncio ensurdecedor.
Como está hoje a relação do senhor com Mourão?
Eu nunca conversei com o Mourão. Fiquei muito feliz pelo silêncio dele. Ele entendeu o recado. Quando falei do ministro Santos Cruz, as pessoas acharam que eu estava de birra com a ala militar. De repente, ele cai. Não sou contra militar, mas contra aquele que mina a autoridade do meu presidente.
Como é a sua relação pessoal com Bolsonaro?
Nos tornamos amigos em 2013, quando assumi a Comissão de Direitos Humanos.
Bolsonaro pode se converter e virar evangélico?
Ele já é casado com uma evangélica. É católico praticante, cristão fervoroso.
Como é a relação do senhor com o núcleo ideológico do governo, de Olavo de Carvalho?
Sou um admirador do Olavo. Estudo com ele faz três anos. Conheci muito da política de esquerda com o Olavo.
Bolsonaro admitiu que pode disputar a reeleição. Com a popularidade em queda e a economia em crise, é um bom momento para se falar sobre isso?
Não tem um lugar em que o Bolsonaro tenha sido vaiado. O povo foi para a rua em defesa dele. Tanto que o povo está defendendo algo que vai tirar direitos. A reforma (da Previdência) vai tirar direitos e o povo quer que vote. Não é cedo para falar em reeleição agora. Outros pré-candidatos já estão em campanha. Ou você tem dúvida de que o (João) Doria é candidato? Que o (Wilson) Witzel é candidato? O Ciro Gomes? Bolsonaro está marcando território. Está dizendo: "Olha, eu vou arrumar a casa. E não vou deixar na mão de um qualquer". É legítimo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo..