Por mais que a Câmara dos Deputados termine os dois turnos de votação da PEC da Previdência ainda nesta semana, é provável que a matéria ou apenas uma parte dela volte para a Casa depois de ser apreciada pelo Senado e houver modificações. De acordo com parlamentares, a tendência é de que os pontos ainda não contemplados no texto sejam incorporados por senadores. Com isso, as partes alteradas precisariam da aprovação dos deputados antes de serem promulgadas.
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Assim que chegar ao Senado, a PEC da Previdência será analisada apenas pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Apesar de a Casa ter montado uma comissão especial para discutir o assunto, não há necessidade de o texto ser apreciado pelo colegiado. Após a aprovação na CCJ, o texto será levado a plenário, e, para ser aprovado, são necessários três quintos dos votos dos 81 senadores, ou seja, 49 favoráveis, no mínimo. A votação também precisará ser feita em dois turnos, como na Câmara.
PEC paralela
E, para não atrasar a aprovação do “coração do projeto”, segundo Jereissati, o Senado pensa em não mexer no texto que receber da Câmara. Segundo ele, eventuais mudanças nas regras de aposentadoria seriam feitas mediante PECs paralelas, o que permitiria a pronta promulgação dos pontos consensuais entre as duas Casas legislativas, e apenas as proposições dos senadores teriam de ser analisadas pelos deputados.
A ideia ganha força entre os parlamentares de partidos como Cidadania, DEM, MDB, PP, PSL, PSD e PSDB, que já demonstraram apoio à proposta. A estratégia deve ser utilizada, principalmente, para incluir estados e municípios na reforma. “Se não incluirmos estados e municípios na Previdência, teremos feito um trabalho pela metade. O Senado, portanto, tem uma responsabilidade grande”, disse a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), líder do partido na Casa. “Somos uma casa majoritária e mais próxima aos governadores, ou seja, a nossa intenção é fazer as alterações necessárias para adicionar esses dois entes no documento.”
De acordo com Nelsinho Trad (PSD-MS), o Senado vai “corrigir um grave erro na tramitação do projeto”. “Até hoje, não foi apresentada uma proposta sequer que explicasse o motivo de se retirar estados e municípios da discussão da reforma da Previdência. Se continuar dessa forma, esse é um encaminhamento que não vai dar certo. Mas o Senado é a casa do equilíbrio, e vamos cumprir com o nosso papel”, declarou.
Já o líder petista Humberto Costa (PT-PE) acrescentou que a oposição vai votar pela rejeição da reforma.