Jornal Estado de Minas

POLÍTICA

Álvaro Antônio mantém assessor indiciado por falsidade ideológica

Preso no dia 27 de junho no âmbito da Operação Sufrágio Ostentação, que mira supostas candidaturas laranja do PSL, o assessor especial do Ministério do Turismo, Mateus Von Rondon, voltou a dar expediente normalmente no gabinete do ministro, Marcelo Álvaro Antônio, após a soltura.

Rondon ficou cinco dias encarcerado. Além dele, na ocasião também foram presos Roberto Soares e Haissander Souza, que atuaram como coordenadores da campanha do atual ministro para deputado federal em 2018. Os três foram indiciados pelos crimes de falsidade ideológica, uso indevido de verba e associação criminosa. O ministro não é investigado.

As prisões ocorreram no âmbito operação que apura um esquema de candidatas-laranjas nas eleições de 2018 com o objetivo de acessar fundos eleitorais destinados exclusivamente a campanha de mulheres. O assessor do ministro teria atuado no esquema fornecendo notas fiscais frias para justificar a retirada dos recursos públicos. À época, Álvaro Antônio presidia o PSL no Estado de Minas.

Rondon é o homem de confiança do ministro do Turismo. Ele tem um salário mensal de R$ 13.623,39, que continuou recebendo durante os cinco dias em que ficou preso, entre 27 de junho e primeiro de julho.

De acordo com o Ministério do Turismo, a Consultoria Jurídica da pasta está realizando uma análise em precedentes do Supremo Tribunal Federal para avaliar e "cumprir o que determina a lei" sobre desconto de dias não trabalhados em casos de ausências justificadas por decisão judicial que impeça o trabalhador de exercer suas funções.

Sobre uma possível exoneração do servidor envolvido no escândalo, o Ministério do Turismo informou, por nota, que aguarda o andamento do processo judicial para não submeter o servidor a uma "condenação sumária sem garantir a ele o direito de ampla defesa".

"Importante ressaltar que o servidor, que ocupa o cargo de assessor especial do gabinete do ministro, responde a suspeitas sobre fatos da campanha eleitoral de 2018, sem qualquer vínculo com as atividades que desempenha no ministério", reforçou a nota encaminhada pela assessoria. Procurado, von Rondon não respondeu à reportagem até a conclusão da edição.

Laranjas

Conforme as investigações da Polícia Federal, o partido do presidente Jair Bolsonaro utilizou candidatas de fachada para acessar ilegalmente recursos de fundo eleitoral em dois Estados: Minas Gerais e Pernambuco. Este último, reduto do presidente nacional do PSL, deputado federal Luciano Bivar. Bolsonaro tem afirmado que aguarda o término das investigações para definir o futuro do ministro.

A PF já identificou que nos dois Estados a relação custo por voto entre as mulheres que teriam sido usadas como laranjas (e que tiveram poucos votos) era maior que a registrada entre candidatos que venceram as eleições. O custo médio entre os que venceram era de R$ 10 por voto, enquanto o das candidatas do PSL era de R$ 300.
As penas máximas para os três crimes são de 9 anos e três meses de prisão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo..