A executiva nacional do PDT se reúne a partir desta quarta-feira, 17, para definir uma punição para os oito deputados do partido que votaram a favor do texto-base da reforma da Previdência, contrariando orientação da sigla. Em entrevista concedida na segunda-feira, 15, ao Estadão/Broadcast e à Rádio Eldorado, o ex-ministro Ciro Gomes, principal nome do PDT, defendeu que todos deixem espontaneamente o partido, o que seria "mais digno" do que esperar por uma eventual expulsão.
Entre os oito parlamentares ameaçados de punição - chamados de "desobedientes" pelo presidente do PDT, Carlos Lupi -, está a deputada Tabata Amaral (SP), até então vista como uma das principais apostas de renovação do partido e cotada para disputar a Prefeitura de São Paulo nas eleições do ano que vem. Um ano atrás, Ciro chegou a almoçar na casa da família de Tabata, em um bairro da periferia de São Paulo, num sinal público de prestígio da então candidata à Câmara.
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Estados e municípios dependem de PEC paralela na reforma da Previdência Deputados federais gastam R$ 2,6 milhões com viagens internacionaisFiliação de Duda Salabert ao PDT é remarcada para setembroNão há problema se tiver novo vice em 2022, diz Mourão em defesa de BolsonaroO ex-ministro disse que a executiva nacional vai respeitar todos os trâmites internos, entre eles, o direito de defesa. Mas, segundo ele, tanto Tabata como seus colegas tiveram a oportunidade de apresentar sua posição em "inúmeras reuniões" prévias convocadas pela sigla para tratar do projeto da Previdência.
Ao justificar a sugestão, Ciro afirmou que a decisão de deixar a sigla deveria ser tomada pelos colegas não apenas "pelo passado", mas "pelo que está por vir". Ele citou a perspectiva de votação de projetos como a reforma tributária e privatizações.
"Não quero aqui retaliar a Tabata. Mas, daqui a pouco, essa gente vai propor, por exemplo, a entrega da Petrobras. Qual é a posição dela? Daqui a pouco, essa gente vai propor a autonomia do Banco Central, para entregar de vez a economia brasileira aos quatro bancos privados que monopolizam 85% das transações financeiras. Como ela vai votar? Pela linha do partido ou pela dupla militância que ela está demonstrando?", disse Ciro. "Nós não queremos representar os neoliberais. Tem aí o MBL.
Assédio
Ao todo, 19 parlamentares da oposição votaram a favor da reforma: além dos oito do PDT, 11 do PSB. Nesta segunda, o conselho de ética do PSB abriu processo contra os "dissidentes", que terão dez dias para apresentar sua defesa. Com a ameaça de expulsão, todos eles passaram a ser alvo do assédio de partidos de centro, que sinalizaram estar de portas abertas ao ingresso de novos deputados.
Em mensagem publicada em rede social, Tabata - que se elegeu com 264.450 votos, sexta maior votação em São Paulo para a Câmara - se defendeu. "Meu voto pela reforma da Previdência não foi vendido, é por convicção. A bancada da Educação continua lutando pela manutenção da aposentadoria especial dos professores." Procurada, ela não se pronunciou até a conclusão desta edição.
Questionado se o PDT deve requerer os mandatos desses deputados "infiéis" caso eles optem por deixar a legenda, Ciro disse preferir não entrar "nessa miudice". No caso contrário, de expulsão, a legislação prevê que o partido perde a cadeira no Congresso.
Ciro descreveu Tabata como uma pessoa de "enorme valor" e dona de uma "história linda". Mas disse ver na postura da deputada uma influência de sua proximidade com movimentos de renovação política, como o RenovaBR.
Para o ex-ministro, esses grupos corresponderiam a "fraudes", pois operariam como partidos políticos sem precisar abrir mão do financiamento privado. "Vai ser um sofrimento eterno a dupla militância dela e de quem mais vier com esse papo furado", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo..