A indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada brasileira dos Estados Unidos, em Washington, ainda nem foi confirmada oficialmente pelo presidente Jair Bolsonaro, mas as articulações estão a todo vapor. Senadores minimizam a disputa política que o assunto provocou, mas o governo busca, com as articulações, garantir vitória logo no início da retomada das atividades legislativas. Seria, para interlocutores, um sinal de força no Senado, que iniciará os debates da reforma da Previdência após conclusão da votação em segundo turno na Câmara.
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Ministro da Educação defende no Twitter indicação de Eduardo para embaixadaBezerra: se presidente indicar Eduardo, será aprovado pelo SenadoBolsonaro: 'se Deus quiser', Eduardo será embaixador na 'maior potência do mundo'Bolsonaro participa da cúpula de chefes de Estado do Mercosul na ArgentinaSabatina de Eduardo Bolsonaro será normal, afirma Alcolumbre em caso de indicaçãoOs diálogos são incipientes, mas ganham força dia após dia desde que o presidente comentou o tema, na última quinta-feira. A confirmação de Eduardo deve ser feita até o fim deste mês, uma vez que Bolsonaro não tem “plano B”. As costuras estão sendo conduzidas junto aos parlamentares da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado para “desempatar” o placar, que nas contas de congressistas e interlocutores governistas está próximo de oito votos favoráveis e oito contrários. Até a noite nessa terça-feira (16/7), dois votos ainda eram desconhecidos na sondagem de articuladores contatados pelo EM. O do senador Romário (Podemos-RJ) e da quinta vaga, ainda não definida, do bloco MDB, PRB, PP. É esse posto vago o alvo central das articulações. O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), suplente da CRE, costura dentro do bloco sua indicação.
Além de Bezerra, compõem os suplentes Renan Calheiros (MDB-AL), Simone Tebet (MDB-RS), Ciro Nogueira (PP-PI) e Vanderlan Cardoso (PP-GO). Os dois pepistas são classificados como incógnita, enquanto Calheiros poderia votar contra—por vingança à articulação governista que encaminhou a vitória de Davi Alcolumbre (DEM-AP) à Presidência do Senado —, e Tebet se posicionou contrariamente. Para ela, a indicação de Eduardo é o “maior equívoco” que Bolsonaro comete desde que assumiu a Presidência.
Independentemente de ser legal ou constitucional a indicação, Tebet avalia que não é moral. “Contradiz tudo aquilo com que o presidente se comprometeu em campanha, com um discurso de meritocracia. Não podemos esquecer que é uma carreira diplomática que exige, normalmente, 30 anos de trabalhos no exterior para se chegar ao posto mais alto, que é ser embaixador nos EUA”, declarou ao Correio.
O governo trata o placar de 8x8 com margem de erro, pois acredita que alguns senadores, na hora da votação, poderiam apoiar a indicação de Eduardo. Ainda assim, cinco votos contrários são dados como certos. São os casos dos senadores da oposição, Jaques Wagner (PT-BA), Renilde Bulhões (Pros-AL), Kátia Abreu (PDT-TO), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Marcos do Val (Cidadania-ES), vice-presidente do colegiado—que, em 2017, teve desentendimento público com Eduardo. Em um eventual empate, a expectativa é de que o desempate viria do voto do presidente do colegiado, Nelsinho Trad (PSD-MS).
Convencimento
Uma derrota na CRE não seria terminativa, pois o placar do colegiado tem que ser confirmado em plenário, mas uma vitória daria um norte para o governo montar corpo e estrutura de apoio com alvo nos próximos passos.
O presidente do Senado disse que Eduardo será sabatinado “igual” a todos os outros. Para a ala governista, é um sinal de que o engajamento de Alcolumbre para costurar um quórum numeroso em plenário exigirá um custo, que pode envolver o apadrinhamento de algum indicado do demista. Quem tem auxiliado o governo é o diretor executivo do Instituto Legislativo Brasileiro (ILB) do Senado, Márcio Coimbra, homem de confiança de Alcolumbre, ele tem trânsito entre os senadores. Foi Coimbra quem o apresentou aos representantes da alta cúpula do Partido Republicano dos EUA e à Casa Branca, em viagem feita ao fim de 2018.
Conselho de Governo discute novos passos
A vitória do governo na Câmara dos Deputados com a aprovação da reforma da Previdência foi o tema central da reunião do Conselho de Governo nessa terça-feira (16/7). O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, agradeceu o empenho da equipe, mas lembrou que ainda será necessário aprovar a matéria em segundo turno e manifestou os próximos desafios, como a reforma tributária. A agenda foi comentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que informou os estudos de novas ações para desafogar a economia e retomar o crescimento. O chefe da equipe econômica citou como possíveis estratégias as privatizações, o pacto federativo, o Plano Mansueto, a liberação de contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), e a cessão onerosa de petróleo e gás.