O porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, afirmou nesta terça-feira, 16, que o Itamaraty já tem a minuta do pedido de "agrément" para consultar os Estados Unidos sobre uma indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para assumir a embaixada brasileira em Washington. Apesar de o presidente Jair Bolsonaro não ter indicado o nome do filho formalmente, o porta-voz disse que ele não considera opções para o cargo. Nesta terça, Bolsonaro afirmou que, da parte dele, "está definido" que Eduardo será indicado.
O presidente, no entanto, descumpriu a praxe diplomática internacional, que prevê o anúncio do nome indicado para ser embaixador apenas após o pedido de "agrément". A medida é uma consulta ao país sobre a indicação e, normalmente, é feita de maneira sigilosa para evitar constrangimento em caso de recusa do nome indicado.
"O Ministério das Relações Exteriores já possui uma minuta da solicitação do agrément para o deputado Eduardo Bolsonaro. E, a partir da confirmação, da firma deste agrément, outros aspectos, outras ações haverão de ser desenvolvidas para a ida do deputado Eduardo Bolsonaro aos Estados Unidos como nosso embaixador", afirmou o porta-voz.
Sobre a análise da eventual indicação na Comissão de Relações Exteriores do Senado, Rêgo Barros disse que os senadores vão reconhecer a capacidade de Eduardo e avaliá-lo com "total abertura para aceitação do seu nome" para o posto.
O indicado precisa passar por sabatina na comissão, que decide, em votação secreta, se confirma ou rejeita o nome. Independentemente do resultado, a indicação vai ao plenário do Senado. Para ser aprovado, o candidato precisa do aval da maioria dos 81 senadores. Só após a aprovação pelo plenário da Casa é que o presidente da República pode nomear o novo embaixador.
Ainda nesta terça-feira, mais cedo, Bolsonaro reafirmou a intenção de indicar o filho para a embaixada em Washington, mas destacou que ainda há um "caminho grande" a percorrer. "Da minha parte, está definido. Conversei com ele, há interesse. Não é nepotismo, tem súmula do Supremo (Tribunal Federal) nesse sentido", disse o presidente após participar de reunião no Palácio da Alvorada. "Tem um caminho grande pela frente. Há um termo técnico com os Estados Unidos para ver se eles têm algo contra, tem que falar com o Parlamento", afirmou.
No fim de semana, Eduardo se reuniu com o pai e o irmão, senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), no Alvorada. A possível indicação tem sido alvo de críticas, até de aliados do presidente, por causa da falta de experiência do deputado para assumir o posto, o mais importante da diplomacia brasileira.
'Se Deus quiser'
Bolsonaro também falou sobre a indicação do filho durante a posse do presidente do BNDES, Gustavo Montezano. Segundo ele, "se Deus quiser", Eduardo vai ser embaixador "na maior potência do mundo". Bolsonaro citou os filhos ao comentar a relação de amizade que eles mantêm com Montezano desde a juventude, quando moraram no mesmo condomínio no Rio. O presidente disse todos "daquela garotada lutaram muito" e "muitos fritaram hambúrguer".
"Vejo que, daquela garotada do condomínio, temos um presidente do BNDES. Temos um senador da República (Flávio Bolsonaro), que, por ser meu filho, tem seus problemas potencializados. E teremos, se Deus quiser, um embaixador na maior potência do mundo", afirmou Bolsonaro. "Até porque um pai, mesmo sendo deputado na época, não tinha como bancar o aperfeiçoamento dele nos Estados Unidos e ele (Eduardo) tinha que trabalhar", continuou o presidente.
Após a sinalização de que poderia virar embaixador, Eduardo afirmou que aceitaria a "missão". Disse que, além de ser presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, tem "vivência pelo mundo". "Já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer lá nos Estados Unidos, no frio do Maine", declarou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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