Jornal Estado de Minas

Senado deve pressionar por toma lá, da cá para aprovar Eduardo em embaixada


O governo está ciente de que a nomeação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada brasileira em Washington, nos Estados Unidos, terá um custo político. A fatura está posta, dizem senadores e interlocutores, mas não há, ainda, como quantificá-la. De certo, envolverá a liberação de emendas parlamentares e cargos. O recado é que “indicar por indicar”, o presidente Jair Bolsonaro pode apresentar qualquer um, mas a aprovação é uma outra seara.

Ao governo e a aliados, senadores afirmam que, atualmente, não há condições de aprovar o nome de Eduardo. Alguns acham até melhor o governo repensar a sugestão e recuar durante o recesso parlamentar, enquanto ainda é tempo. Ou conversar com o deputado e sugerir que ele abra mão de uma eventual indicação. “Não tem condições de aprovarmos isso: ou o governo recua, ou Eduardo desiste para não passar por essa saia justa”, declarou um senador.

O posicionamento do governo e do próprio presidente, de não cogitar um “plano B”, é algo que desconforta parlamentares. Votar a favor da nomeação de Eduardo vem sendo classificado como um constrangimento.
“Os senadores terão de votar a reforma da Previdência e sofrerão desgastes em suas bases com isso. Mas a reforma será aprovada em segundo turno na Câmara, e chancelar isso no Senado é menos constrangedor do que dar o aval para a aprovação de Eduardo a embaixador dos EUA”, disse um interlocutor de um senador.

É aí que entra o custo político da nomeação. Para votarem a favor de Eduardo, senadores exigirão algo em troca. A contabilidade disso começa a ser feita pela articulação governista. O Executivo sabe que, assim como na Câmara, precisará negociar a liberação de emendas de bancada — que, atualmente, não são impositivas, ou seja, o governo não é obrigado a executar — para aprovar a reforma da Previdência. Mas precisará empenhar recursos extras para receber aval ao nome de Eduardo.

Ombro irmão


Quem pode ajudar a indicação é o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), irmão mais velho de Eduardo. O parlamentar tem bom trânsito entre os colegas e, na avaliação de alguns, inevitavelmente acabará atuando para apoiar a nomeação.
Durante o recesso legislativo, no entanto, permanecerá fora dos holofotes. Continuará a cargo de Bolsonaro defender a indicação do filho.

É o que continua fazendo o presidente da República. Ontem, em pronunciamento na cúpula do Mercosul, ele fez nova menção ao assunto. “As negociações externas, aí, com o grande apoio do meu ministro das Relações Exteriores, no zelo das indicações das embaixadas, também sem mais o viés ideológico do passado, e, quem sabe, um grande embaixador nos EUA brevemente”, disse. O presidente em exercício, Hamilton Mourão, também se posicionou favoravelmente. “Dentro das regras para escolha de quem não é da carreira diplomática, ele (Eduardo) está dentro do padrão. É uma decisão do presidente, e a decisão a gente não discute”, frisou.

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