A juíza Carolina Vieira Figueiredo, da 7.ª Vara Federal Criminal, autorizou que o operador Rosalino Felizardo de Santana Neto - preso na Operação Tergiversação, investigação sobre propina a delegado e a escrivão da Superintendência da Polícia Federal no Rio - preste "serviços médicos à população carcerária e funcionários da administração carcerária". A decisão também possibilita que o operador receba livros de medicina na cadeia de Benfica, no Rio.
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Lava Jato pede condenação de suposto operador de Beto RichaLava-Jato no Rio prende operador do 'doleiro dos doleiros'Lava-Jato prende operador em investigação sobre propina de US$ 9 milhões"A princípio não há óbice ao pedido do requerente no sentido de que continue prestando serviços médicos aos demais detentos e agentes públicos da Cadeia Pública José Frederico Marques."
A decisão foi publicada na segunda-feira, 15. "Oficie-se à Direção do Presídio José Frederico Marques informando que este Juízo não se opõe: (a) à entrega de livros de medicina ao custodiado Rosalino Felizardo de Santana Neto; (b) que a prisão preventiva continue sendo cumprida na Cadeia Pública José Frederico Marques; (c) que o requerente continue prestando serviços médicos à população carcerária e funcionários da administração carcerária, tudo respeitadas as regras e sistema de fiscalização próprios do Sistema Carcerário."
Rosalino e o operador Marcelo Guimarães são suspeitos de atuar em nome do delegado da PF Lorenzo Martins Pompílio da Hora e do escrivão da PF Éverton da Costa Ribeiro. Em junho, o Ministério Público Federal denunciou onze investigados da Tergiversação - a operação foi deflagrada no dia 11 de junho.
As investigações da Procuradoria da República e da PF revelaram esquema de cobrança de propina nos inquéritos policiais relacionados às Operações Titanium (fraudes envolvendo o plano de saúde dos Correios) e Viupostalis/Recomeço (fraudes envolvendo o Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios).
A Procuradoria informou que essas operações eram conduzidas pelo delegado Lorenzo Pompílio da Hora, com o apoio do escrivão Éverton, lotados à época no Núcleo de Repressão a Crimes Postais da PF.
A denúncia relatou que "com a cobrança generalizada de propinas em valores elevados de diversos investigados nas Operações Titanium e Viupostalis, a soma das quantias envolvidas no esquema criminoso, ao menos em relação aos pagamentos de propina já identificados e apontados na denúncia, ultrapassa o montante de 5 milhões de reais".
Durante as investigações, o Ministério Público Federal celebrou acordos de delação premiada com alguns empresários que relataram terem recebido solicitação de vantagens indevidas por parte dos supostos operadores Marcelo Guimarães e Rosalino Felizardo de Santana Neto.
Os pagamentos, que variaram de R$ 450 mil a R$ 1,5 milhão, eram feitos na maior parte das vezes em dinheiro, mas em alguns casos foram repassados por meio de transferências a empresas ligadas aos operadores Marcelo e Rosalino.
Segundo o Ministério Público Federal, foram denunciados ainda quatro empresários que "participaram do esquema criminoso e fizeram o pagamento de vantagens indevidas e outros dois integrantes da organização criminosa" - Luís Henrique do Nascimento Almeida, "que atuou em atos de lavagem de ativos e movimentava recursos em espécie nas atividades do grupo", e João Alberto Magalhães Cordeiro Junior, que, "além de efetuar pagamentos para ser favorecido nas investigações da Titanium, atuou como intermediário, abordando empresários para participação no esquema criminoso".
Defesa
A reportagem busca contato com os denunciados pelo Ministério Público Federal..