O presidente Jair Bolsonaro reagiu ontem (20) a críticas de governadores do Nordeste e disse que eles tentam manipular os eleitores por meio da desinformação. "Eles são unidos. Eles têm uma ideologia, perderam as eleições e tentam o tempo todo através da desinformação manipular eleitores nordestinos", afirmou Bolsonaro, ao deixar o Palácio da Alvorada para levar a filha Laura para aula de equitação.
Na sexta-feira (19), pouco antes de um café da manhã com jornalistas de veículos estrangeiros, Bolsonaro se voltou para o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e disse para "não dar nada" ao governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB.
O áudio foi captado pela TV Brasil, emissora pública ligada ao governo. Há trechos inaudíveis da conversa e não é possível entender o contexto. "Daqueles governadores de 'Paraíba', o pior é o do Maranhão. Não tem de ter nada para esse cara."
Em nota, os governadores do Nordeste consideraram a fala uma forma de retaliação. Em sua rede social, Dino sugeriu ainda que Bolsonaro citou "Paraíba" para se referir a todos os nordestinos, o que não fica claro no trecho em que é possível ouvir a conversa.
Bolsonaro disse ontem que foi "uma crítica em três segundos" e que a imprensa "fez uma festa" com a declaração. Questionado sobre se a declaração pode atrapalhar a votação da reforma da Previdência na Câmara, Bolsonaro disse que o Parlamento não "é tão raso".
'Antipatriótico'
Integrante da Comissão da Anistia, o general da reserva Luiz Rocha Paiva criticou ontem as declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro de que "não vai dar nada" para o governador do Maranhão. Segundo ele, o comentário foi "antipatriótico" e "incoerente".
"Tem de ter calma, mas mostrar para ele (Bolsonaro) o quanto perdeu com essa grosseria com que menosprezou uma região do Brasil e seus habitantes. Um comentário antipatriótico e incoerente para quem diz 'Brasil acima de tudo'", disse o general. Ele acrescentou que não se trata de uma defesa dos governadores da região, mas dos seus "irmãos nordestinos". "O Nordeste é o berço do Brasil.