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Estado de Minas

Bolsonaro volta a atacar o Inpe por causa de desmatamento na Amazônia

Presidente diz que não falará com diretor do instituto sobre dados do desmatamento e critica "propaganda negativa no exterior", que põe o Brasil "numa situação complicada"


22/07/2019 06:00 - atualizado 22/07/2019 07:38

Presidente com a primeira dama Michele Bolsonaro:
Presidente com a primeira dama Michele Bolsonaro: "se o dado fosse alarmante, ele deveria procurar o chefe imediato" (foto: Isac Nóbrega/PR)
Brasília – O presidente Jair Bolsonaro voltou ontem a criticar o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, e disse que não falará com ele. Ao chegar a um restaurante em Brasília, o presidente anunciou que vai designar um ministro para discutir com Galvão os dados de desmatamento que, na sua opinião, não correspondem à verdade. Ele acrescentou que seu governo não quer fazer uma “propaganda negativa do Brasil”, já que isso prejudica a imagem do país no Exterior.

“Eu não vou falar com ele. Quem vai falar com ele vai ser o ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e talvez também ali o Ricardo Salles (Meio Ambiente). O que nós não queremos é uma propaganda negativa do Brasil. A gente não quer fugir da verdade, mas aqueles dados pareceram muito com os do ano passado”, disse o presidente, horas antes de receber o ministro do Meio Ambiente no Palácio da Alvorada.

Bolsonaro afirmou que a questão ambiental no exterior é uma “verdadeira psicose” e, em uma referência ao diretor do Inpe, disse não ser justo que um brasileiro faça uma campanha contra o país. “Se o dado fosse alarmante, ele deveria, por questão de responsabilidade e patriotismo, procurar o chefe imediato, no caso o ministro”, disse o presidente. “E não de forma rasa como ele faz, simplesmente coloca o Brasil numa situação complicada”, acrescentou.

Os dados preliminares de satélites do Inpe demonstram que mais de 1.000 km² de floresta amazônica foram derrubados na primeira quinzena deste mês, o equivalente a um aumento de 68% em relação a julho de 2018. Na sexta-feira, durante café da manhã com jornalistas estrangeiros, o presidente afirmou que os dados do Inpe não correspondiam à verdade e sugeriu que Galvão poderia estar a “serviço de alguma ONG.”

No sábado, Galvão rebateu a acusação e disse que não pedirá demissão do cargo. “Fazer uma acusação em público esperando que a pessoa se demita. Eu não vou me demitir”, afirmou o diretor do Inpe, em clara referência ao episódio que levou o então presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, a pedir demissão.

Galvão disse também que Bolsonaro “não respeita a dignidade e liturgia do cargo” e que as declarações do presidente são “piada de um garoto de 14 anos que não cabe a um presidente da República fazer”. Já o Inpe, em nota, afirmou que sua política de transparência permite o acesso completo aos dados e acrescentou que a metodologia do instituto é reconhecida internacionalmente.

O Conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) divulgou ontem um manifesto em apoio ao Inpe após críticas do presidente. "Em ciência, os dados podem ser questionados, porém sempre com argumentos científicos sólidos, e não por motivações de caráter ideológico, político ou de qualquer outra natureza", diz o texto do manifesto.

"Críticas
sem fundamento a uma instituição científica, que atua há cerca de 60 anos e com amplo reconhecimento no País e no exterior, são ofensivas, inaceitáveis e lesivas ao conhecimento científico", acrescenta o comunicado. O manifesto diz ainda que o “Dr. Ricardo Galvão é um cientista reconhecido internacionalmente, que há décadas contribui para a ciência, tecnologia e inovação do Brasil”.


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