Em um pronunciamento na tarde desta segunda-feira (22/7), o porta voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, garantiu que o governo não tem a intenção de impedir a divulgação de dados apurados pelo Instituto Nacional de Pesquisa (Inpe). A afirmação desfaz o problema causado pelo entendimento de que Bolsonaro avalia os dados antes de eles serem divulgados à sociedade.
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Presidente não adiantou possibilidade de demitir diretor do INPE, diz porta-vozPorta-voz: 'Em qual cidade nosso presidente chega e não é ovacionado?'Porta-voz: Bolsonaro nos deu suporte para mantermos relacionamento com imprensaDamares: governo tem feito 'releitura' de direitos humanosGovernador da Bahia protesta e cancela ida à inauguração de aeroporto com BolsonaroNo último dia 21, o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar os dados sobre desmatamento produzidos pelo Inpe e o diretor da entidade, Ricardo Galvão. Ele anunciou ainda que iria designar um ministro para discutir com Galvão os dados de desmatamento que, na opinião do presidente, não correspondem à verdade. Ele acrescentou que seu governo não quer fazer "propaganda negativa do Brasil".
Eu não vou falar com ele. Quem vai falar com ele vai ser o ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e talvez, também, o Ricardo Salles (Meio Ambiente). O que nós não queremos é uma propaganda negativa do Brasil. A gente não quer fugir da verdade, mas aqueles dados pareceram muito com os do ano passado, e deu um salto”, disse o presidente.
Nesta segunda-feira (22), o ministro Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) divulgou uma nota em que afirma compartilhar da estranheza expressa por Bolsonaro quanto aos dados do desmatamento que o Inpe produz. Pontes solicitou um relatório técnico contendo os resultados da série histórica dos últimos 24 meses, assim como informações detalhadas sobre os dados brutos, a metodologia aplicada e quaisquer alterações significativas desses fatores no período.
"Embora entenda o contexto do fator emocional, discordo do meio e da forma utilizada pelo diretor, visto que não corresponderam ao tratamento esperado na relação profissional, especialmente com o Chefe do Executivo do País.
O Conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), por sua vez, lançou um manifesto em defesa do instituto demonstrando preocupação com as ações recentes do presidente que colocariam em risco o patrimônio científico estratégico para o desenvolvimento do país, declarando apoio integral ao diretor Ricardo Galvão. "Críticas sem fundamento a uma instituição científica, que atua há cerca de 60 anos e com amplo reconhecimento no País e no exterior, são ofensivas, inaceitáveis e lesivas ao conhecimento científico", defende a entidade.