Dois deputados estreantes do Partido Novo – um da Câmara e outro da Assembleia – conseguiram atrair quase 2 mil pedidos em Minas para destinar recursos de emendas parlamentares nos orçamentos federal e estadual de 2020 com uma forma diferente que lançaram para definir a aplicação dos recursos. Em vez das solicitações das bases eleitorais, eles fizeram um edital de chamamento público que disponibilizaram na internet.
Leia Mais
ALMG aprova projeto que remaneja recursos para Zema pagar emendas de deputadosZema vai pagar metade das emendas a deputados só em 2020Após liberar emendas, governo promete 'destravar' distribuição de cargosNo orçamento estadual são R$ 5 milhões e no do governo federal a previsão é que sejam R$ 15 milhões.
Os interessados, no entanto, foram os mesmos que recorrem a políticos tradicionais e que acabam formando suas bases: prefeitos e organizações sociais. Até o governo de Minas se apresentou como interessado em incluir verba no próprio orçamento.
Com o encerramento do prazo para as candidaturas na última sexta-feira (19), foram apresentadas 1973 propostas vindas de 357 municípios. Segundo balanço informado pelo deputado Guilherme da Cunha, 35% dos pedidos foram para saúde, 35% para educação, 15% para emprego e renda,9% para segurança e 6% para saneamento.
Se os outros deputados são bombardeados com pedidos das bases em que são votados, os dois novos parlamentares adotaram a estratégia reversa.
Obras e serviços
As cotas mínimas de pedido para obras foram de R$ 250 mil e de R$ 100 mil para serviços e aquisições. Segundo o deputado, esses valores foram definidos para que o custo das operações compensasse a verba destinada. “Creditamos boa parte do engajamento a uma estratégia de dar oportunidade a todos, especialmente os que ficam esquecidos pelo sistema. Tivemos boa parte dos pedidos de prefeituras, organizações, e até órgãos do estado, como a Secretaria de Segurança Pública”, disse.
Questionado sobre a diferença em relação aos demais deputados, já que as verbas também são intermediadas por prefeituras e organizações que compõem suas bases eleitorais, Guilherme da Cunha disse que a ideia é fazer o dinheiro chegar a diferentes regiões de acordo com as necessidades locais, e não apenas onde foi bem votado.
“Tivemos até dois deputados que apresentaram nosso edital na região deles porque tinham certeza que a gente não quer tomar a base de ninguém. Não vou condicionar isso a um prefeito, dizer que só vai receber a verba se me apoiar. Ele só tem que ter um projeto bom e vai poder continuar apoiando o deputado que quiser, só preciso que faça uma boa gestão”, garantiu.
Os parlamentares vão aproveitar o recesso para selecionar os projetos que serão contemplados com as emendas. Não podem garantir, porém, a data do pagamento. "O orçamento é impositivo, então elas serão necessariamente executadas até o fim do ano", disse.
Os orçamentos são do governo de Minas e do federal, mas, pela lei os deputados podem dar sugestões de aplicação dos recursos por meio das emendas parlamentares. Desde o ano passado, foi aprovada legislação que torna obrigatória a execução desses pedidos dos deputados seguindo alguns critérios.
De acordo com as regas das emendas impositivas ao orçamento de Minas, por exemplo, 50% das indicações devem ser para gastos na área de saúde. .