Jornal Estado de Minas

Saiba como usar bem o dinheiro do FGTS

Vale a pena sacar os recursos do FGTS? Essa é uma pergunta que deve passar pela cabeça de todo trabalhador brasileiro que tenha algum saldo em conta.

Tire suas dúvidas sobre as novas regras do FGTS
 
A resposta não é tão simples, tanto que divide especialistas e economistas. Mas passa por um ponto comum: educação financeira. Se optar por sacar o dinheiro, o mais prudente é pagar alguma dívida que tenha juros superiores ao rendimento da conta – especialmente com bancos e cartão de crédito – ou partir para uma aplicação com rendimento maior que o do fundo.

Caso contrário, o melhor é deixar o dinheiro quietinho, tendo sempre em mente que o FGTS é um seguro para o trabalhador que perde o emprego e precisa pagar as contas.

"Se o FGTS não existisse, duvido que as pessoas guardariam 8% do seu salário todos os meses. Se o trabalhador não está precisando pagar nada, por que sacar o dinheiro? É preciso lembrar que tendo dinheiro na conta, as pessoas acabam gastando, mesmo que não precisem”, alerta Fabrizio Gueratto, financista do Canal 1Bilhão Educação Financeira.

Uma necessidade, na avaliação dele, é cobrir débitos com o cheque especial ou cartões de crédito. Outro exemplo citado por ele é um motorista de aplicativo que precise investir em um carro melhor ou mesmo na instalação de um novo mecanismo de combustível, para economizar nos gastos com o automóvel.
 
Para o estrategista da RB Investimentos, Daniel Linger, a priori compensa sacar o máximo permitido pelo governo – independentemente de o trabalhador ter ou não uma dívida para amortizar.
“O trabalhador que tenha divída com taxa de juros elevados deve sacar e amortizar. Caso ele não tenha uma dívida, compensa sacar porque hoje o redimento do FGTS é a TR mais 3 % ao ano. A inflação que é de 4% corrompe o poder de compra daquele dinheiro. Ano a ano o trabalhador vai ficando mais pobre”, avalia.
 
Mas nesse caso, vale o alerta: qualquer sobra de dinheiro deve ser destinada a aplicações em algum título público atrelado à taxa selic, que seja tão seguro quanto o FGTS e pode render ainda mais. “Se não há uma dívida para pagar, é preciso entender que esse dinheiro não é para gastar, é para ser aplicado pensando no longo prazo, em uma reserva de emergência. O ideal é partir para investimentos conservadores que rendam mais do que se o dinheiro ficar parado no fundo”, disse Daniel Linger.

Risco de demissão Para Fabrizio Gueratto, manter o dinheiro no fundo não é tão mau negócio assim. Isso porque, desde 2017, além do rendimento de 3%, o governo vem aplicando um bônus de 50% do lucro, dividido entre os trabalhadores.
Naquele ano, a rentabilidade do FGTS chegou a 7,14%, muito mais que vários investimentos.

Mas ele reconhece que, com uma boa orientação e educação financeira, dá para ganhar mais usando o dinheiro do FGTS em algumas aplicações, especialmente aquelas de renda variável, como a bolsa de valores. “A maioria das pessoas investe em poupança porque é algo mais simples, fácil e está acostumada. Mas nesse momento, vale um olhar diferenciado para os investimentos de renda variável”, opinou.
 
O coordenador do curso de Economia do Ibmec, Marcio Salvato, concorda que vale a pena antecipar o dinheiro do FGTS. “Uma aplicação financeira com juros de mercado é melhor que a remuneração do FGTS. Se você tem uma dívida com juros elevados, pegar o dinheiro e abater o endividamento também pode ser um excelente negócio”, afirmou o professor.

Ele ainda alertou que outro ponto deve ser levado em conta pelo trabalhador: o risco de ser demitido. É que neste caso, quem tiver aderido ao saque-aniversário ficará impedido de sacar o restante do saldo do FGTS durante dois anos.

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