A Polícia Federal informou que, diferentemente do que havia afirmado o ministro da Justiça, Sérgio Moro, os diálogos apreendidos com os suspeitos de hackear telefones, presos na Operação Spoofing, serão preservados e enviados à Justiça, que decidirá o destino do material.
Procurado pela reportagem para comentar a afirmação de Moro, sobre a intenção de destruir o material, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que tal decisão não poderia ser tomada pelo governo federal ou a Polícia Federal.
"Se houve a produção de prova, eu entendo que isso deve ser submetido a quem é de direito, ou seja, o Poder Judiciário", declarou, por telefone, o magistrado, que está no exterior. Marco Aurélio acrescentou que a Justiça deve ser informada sobre o que foi recolhido durante as buscas.
Na avaliação do ministro, mesmo que algumas autoridades hackeadas tenham foro privilegiado, como o presidente Jair Bolsonaro, o caso, "a princípio, é jurisdição da primeira instância".
Lista de autoridades
Na lista de autoridades hackeadas, estão ainda os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM); a procuradora-geral da República, Raquel Dodge; e o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Otávio Noronha.
Moro ligou para Noronha para informar sobre o hackeamento do Telegram. Mais tarde, a assessoria do STJ divulgou nota afirmando que "o ministro Moro informou, durante a ligação, que o material obtido vai ser descartado para não devassar a intimidade de ninguém. As investigações sobre o caso são de responsabilidade da Polícia Federal, a quem cabe responder sobre o caso".