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Estado de Minas

Bolsonaro minimiza necessidade de aulas práticas de direção em autoescolas

''Acho que nem devia ter exame de nada. Parte escrita apenas e ir para a prática logo. Não tem que cursar autoescola'', declarou o presidente


postado em 26/07/2019 17:05

(foto: Evaristo Sa/AFP)
(foto: Evaristo Sa/AFP)

O presidente Jair Bolsonaro voltou a polemizar. Em defesa às medidas adotadas pelo governo para favorecer os condutores de automóveis, como o projeto de lei que amplia a validade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de cinco para 10 anos, ele aventou a possibilidade do fim das aulas práticas de direção nas autoescolas, ao dizer que, com 10 anos de idade, aprendeu a dirigir um trator na fazenda em que trabalhava com o pai, em Eldorado (SP).


A sugestão foi ponderada no contexto de mudanças para baratear o custo de tirar uma CNH. “Eu, com 10 anos de idade, aprendi a dirigir trator na fazenda em Eldorado Paulista. E acho que nem devia ter exame de nada. Parte escrita apenas e ir para a prática logo. Não tem que cursar autoescola, ter aula de um monte de coisa que já sabe o que vai acontecer”, declarou.


As declarações foram dadas na quinta-feira (25/7), durante a tradicional live, quando ele reforçou a ideia de que basta ter “uma prova prática e uma prova escrita ali”.

“Seria o suficiente para tirar a carteira de habilitação. Mas vamos deixar isso para um segundo momento”, declarou. Bolsonaro defendeu, ainda, que o Congresso não inclua no projeto enviado por ele a obrigatoriedade dos simuladores. “Eu espero que a Câmara não bote a obrigação dos simuladores de novo. Porque tem muito sentido espúrio nisso aí”, alertou.

Os comentários de Bolsonaro repercutiram mal no setor. O especialista em gestão, educação e segurança no trânsito Magnelson Carlos de Souza, presidente do Sindicato das Auto Moto Escolas e Centros de Formação de Condutores de São Paulo (Sindautoescola-SP), repudiou as declarações do presidente.

“É fato que a formação de condutores como é hoje precisa ser revista, aprimorada e atualizada, porém, é imprescindível que exista um conjunto de ações, normas e diretrizes a serem seguidas”, analisou, em carta publicada no portal da entidade.


Ponderações

O especialista analisa que a sugestão de Bolsonaro não é a solução para reverter os números “cada vez mais preocupantes” do trânsito. Na carta, frisa que um acidente por minuto é registrado no Brasil e que o trânsito é a terceira causa de morte no Brasil, com 37 mil óbitos contabilizados.

“E 70% delas envolvem jovens de 18 a 25 anos”, alertou.Em resposta a Bolsonaro, Magnelson destaca que “todo o setor está à disposição do governo para se adequar a esse novo momento de mudanças”, embora faça ponderações.


“Entretanto, somente com respeito a todas as entidades e órgãos envolvidos com o trânsito brasileiro é que poderemos construir um novo cenário”, avisou, finalizando com críticas.

“O que nos causa profunda preocupação e temor é a maneira simplista e inadequada que esse assunto está sendo levado à sociedade brasileira. Neste momento de incertezas, se faz necessário, para o bem do trânsito brasileiro e da sociedade como um todo, que o presidente da República tenha responsabilidade ao tratar de um tema tão importante para o nosso país”, disse.


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