O presidente Jair Bolsonaro voltou a polemizar. Em defesa às medidas adotadas pelo governo para favorecer os condutores de automóveis, como o projeto de lei que amplia a validade da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) de cinco para 10 anos, ele aventou a possibilidade do fim das aulas práticas de direção nas autoescolas, ao dizer que, com 10 anos de idade, aprendeu a dirigir um trator na fazenda em que trabalhava com o pai, em Eldorado (SP).
As declarações foram dadas na quinta-feira (25/7), durante a tradicional live, quando ele reforçou a ideia de que basta ter “uma prova prática e uma prova escrita ali”.
“Seria o suficiente para tirar a carteira de habilitação. Mas vamos deixar isso para um segundo momento”, declarou. Bolsonaro defendeu, ainda, que o Congresso não inclua no projeto enviado por ele a obrigatoriedade dos simuladores. “Eu espero que a Câmara não bote a obrigação dos simuladores de novo. Porque tem muito sentido espúrio nisso aí”, alertou.
Os comentários de Bolsonaro repercutiram mal no setor. O especialista em gestão, educação e segurança no trânsito Magnelson Carlos de Souza, presidente do Sindicato das Auto Moto Escolas e Centros de Formação de Condutores de São Paulo (Sindautoescola-SP), repudiou as declarações do presidente.
“É fato que a formação de condutores como é hoje precisa ser revista, aprimorada e atualizada, porém, é imprescindível que exista um conjunto de ações, normas e diretrizes a serem seguidas”, analisou, em carta publicada no portal da entidade.
Ponderações
O especialista analisa que a sugestão de Bolsonaro não é a solução para reverter os números “cada vez mais preocupantes” do trânsito. Na carta, frisa que um acidente por minuto é registrado no Brasil e que o trânsito é a terceira causa de morte no Brasil, com 37 mil óbitos contabilizados.
“E 70% delas envolvem jovens de 18 a 25 anos”, alertou.Em resposta a Bolsonaro, Magnelson destaca que “todo o setor está à disposição do governo para se adequar a esse novo momento de mudanças”, embora faça ponderações.
“Entretanto, somente com respeito a todas as entidades e órgãos envolvidos com o trânsito brasileiro é que poderemos construir um novo cenário”, avisou, finalizando com críticas.
“O que nos causa profunda preocupação e temor é a maneira simplista e inadequada que esse assunto está sendo levado à sociedade brasileira. Neste momento de incertezas, se faz necessário, para o bem do trânsito brasileiro e da sociedade como um todo, que o presidente da República tenha responsabilidade ao tratar de um tema tão importante para o nosso país”, disse.