A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou na tarde desta segunda-feira nota de repúdio às declarações do presidente Jair Bolsonaro. No texto, assinado pela Diretoria do Conselho Federal, Colégio de Presidentes e Conselho Pleno, a entidade classifica as falas como "manifestações excessivas e de frivolidade extrema”. Mais cedo, Bolsonaro atacou o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, ao dizer que pode “contar a verdade” sobre como o pai dele desapareceu na ditadura militar.
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A OAB ainda chamou Bolsonaro na necessidade de ter responsabilidade com suas declarações que “devem obedecer à Constituição” que estabelece o Estado democrático de direito e nele reza a necessidade do estabelecimento da dignidade humana e do respeito da memória dos mortos.
A entidade ainda menciona o cargo de presidente da República exige “equilíbrio e respeito aos valores constitucionais”.
“A diretoria, o Conselho Pleno do Conselho Federal da OAB e o Colégio de Presidentes das 27 Seccionais da OAB repudiam as declarações do Senhor Presidente da República e permanecerão se posicionando contra qualquer tipo de retrocesso, na luta pela construção de uma sociedade livre, justa e solidária, e contra a violação das prerrogativas profissionais”, finaliza a nota de repúdio.
A Anistia Internacional também divulgou seu repúdio à fala de Jair Bolsonaro e afirmou, por nota, que o país deve tomar as medidas necessárias para que casos de tortura ou desaparecimentos, como os ocorridos na ditadura militar sejam levados à Justiça.
“É terrível que o filho de um desaparecido pelo regime militar tenha que ouvir do presidente do Brasil, que deveria ser o defensor máximo do respeito e da justiça no País, declarações tão duras", afirmou a diretora-executiva da Anistia no Brasil, Jurema Werneck.
O ataque de Bolsonaro ao presidente da OAB ocorreu quando ele falava das investigações sobre Adélio Bispo, responsável pela facada contra o presidente no ano passado, durante a campanha eleitoral. Adélio foi considerado inimputável pela Justiça por transtorno mental. O presidente não recorreu.
Entenda
O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, é filho de Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, integrante do grupo Ação Popular (AP), organização contrária ao regime militar (1964-1985). Ele foi preso pelo governo em 1974 e nunca mais foi visto. Em 2012, no livro "Memórias de uma guerra suja", o ex-delegado do Dops Cláudio Guerra diz que o corpo de Fernando foi incinerado no forno de uma usina de açúcar em Campos (RJ).
"Conto pra ele. Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar nas conclusões naquele momento.