A Prefeitura de Santa Luzia, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte, vive mais um momento de instabilidade política. Na manhã desta terça-feira, a Câmara Municipal aprovou em plenário a abertura de uma Comissão Processante para investigar denúncias contra o prefeito Christiano Xavier (PSD). Ele é acusado de cometer irregularidades na administração que podem levar à abertura de processo de impeachment.
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“São três itens: o primeiro é que, para se ausentar do país, precisa de autorização à Câmara. Ele escondeu isso e viajou com parentes para ninguém sabe onde. Outra: quando o prefeito tomou posse, ele decretou calamidade financeira. Vetou qualquer gasto com eventos que não fossem essenciais. Todos concordaram, Câmara ratificou, mas aí, em maio, ele fez uma festa para a cidade, gastando R$ 61,9 mil. O outro ponto é que a verba da saúde é carimbada quanto a procedimentos de meio e alta complexidade para cirurgias eletivas. De setembro a abril, elas estavam suspensas, mas o dinheiro seguia fluindo, e não tinham essas cirurgias. Não digo que ele roubou, mas não teve nenhuma cirurgia. A cidade precisava de um prefeito, mas ele ainda não mostrou a que veio”, disse Abraão, ao Estado de Minas.
Por meio de nota, Christiano Xavier se defendeu. Sobre as viagens, afirmou que o Supremo Tribunal Federal não exige uma explicação para ausências do município que durem até 15 dias. Sobre a não aplicação de verbas da saúde e a suspensão de cirurgias no município, sustentou: “Suspendemos algumas cirurgias em razão do risco de vida que poderia haver”. Em relação à festa, disse que era um recurso que “gastamos do fundo de cultura para o aniversário da cidade, com autorização do Conselho de Cultura”, alegou o prefeito. A Câmara Municipal terá 90 dias para concluir o processo de investigação. Ao final, pode decidir pelo arquivamento da denúncia ou pela cassação do prefeito.
Christiano Xavier, natural de BH, assumiu o posto depois de uma eleição suplementar em junho de 2018, quando venceu Sandro Coelho (PSB). O ex-delegado, de 41 anos, foi eleito após a renúncia da ex-prefeita Roseli Pimentel (PSB). Ela é suspeita de envolvimento na morte do jornalista Maurício Campos Rosa.
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