O vereador Wellington Magalhães (DC) terá que enfrentar pela segunda vez – no período de um ano – um processo que poderá levar à cassação do seu mandato. Se em 9 de agosto do ano passado o plenário da Câmara Municipal arquivou denúncia contra o parlamentar, ontem os 39 vereadores que participaram da sessão votaram pela abertura da comissão processante que vai analisar denúncias apresentadas por Mateus Simões (Novo) e pelo advogado Mariel Marra, que alegam quebra de decoro por parte do ex-presidente da Casa. Presente na sessão, Magalhães cumpriu a promessa feita no dia anterior: votou contra si mesmo.
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Marco Aurélio nega pedido do PCdoB para derrubar execução antecipada de penaCâmara aprova texto-base do projeto que criminaliza o abuso de autoridadeRelator apresenta parecer sobre projeto de abuso de autoridade na CâmaraProcesso de cassação de Wellington Magalhães avança na Câmara de BHWellington Magalhães apresenta defesa prévia do pedido de cassação à Câmara de BHEsforço no Senado é para votar Reforma da Previdência em outubroPoliciais e bombeiros podem entrar em projeto de aposentadoria das Forças ArmadasA comissão processante que vai analisar as denúncias contra Wellington Magalhães terá até 90 dias para concluir o relatório que poderá pedir a cassação ou inocentar o parlamentar. Os integrantes do grupo foram escolhidos por sorteio: Preto (DEM) será o presidente, Elvis Côrtes (PHS) o relator, e Maninho Felix (PSD). Eles vão avaliar as denúncias do Ministério Público de desvio de dinheiro público, ameaça de autoridade pública e tráfico de influência – crimes que, segundo os autores das denúncias, configuram quebra de decoro parlamentar. Outro argumento é que ele usa tornozeleira eletrônica.
Em rápida entrevista à imprensa depois da votação no plenário, o vereador Wellington Magalhães disse que vai acompanhar todas as reuniões da comissão processante ao lado de seus advogados – exceto quando tiver outra agenda no mesmo horário. Ele também negou que vá renunciar ao mandato, conforme sugerido por colegas durante a reunião plenária. “Fui o segundo mais votado em Belo Horizonte, renunciar jamais”, disse. O parlamentar não quis opinar sobre possíveis resultados no processo.
“Quem falar de resultado agora está jogando para a imprensa. Não posso ser cassado pela imprensa, eu não tenho uma condenação até hoje”, argumentou. Sobre as gravações em que ele aparece fazendo ameaças ao procurador de Justiça Leonardo Barbabella e ao colega Mateus Simões, afirmou que se trata de declarações do passado que foram “editadas”. “É mais um desabafo, não é questão de ameaçar ninguém.” Magalhães disse ainda que deseja aos dois o mesmo que quer para os filhos dele.
Repercussão Durante a votação no plenário, o vereador Gabriel Azevedo (sem partido) defendeu que Wellington Magalhães renunciasse ao mandato para evitar uma série de constrangimentos, tanto para a família dele como para aliados na Casa. “Renuncie! Vamos abreviar isso hoje”, disse. Outro a encaminhar para que a comissão processante fosse criada foi o vereador Gilson Reis (PCdoB). Ele afirmou que o momento será a oportunidade de Magalhães tentar se livrar do processo na Câmara. “Encaminho pelo sim, para que haja o amplo direito de defesa e para que possam ser investigadas as denúncias e também possa ser garantido o direito de defesa ao vereador”.
Autor do pedido de abertura do processo, Mateus Simões não participou da reunião plenária. Isso porque o Decreto-lei 201/67 proíbe que um vereador autor de pedido de cassação de colega vote sobre a admissão do caso. O suplente dele, Bernardo Ramos, foi convocado para participar da reunião plenária. Secretário-adjunto de Saúde no governo Romeu Zema (Novo), o médico foi exonerado do cargo.
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