Minas Gerais recebeu a pior nota possível do Tesouro Nacional em uma avaliação que atribui uma espécie de selo de bom pagador para os 26 estados e o Distrito Federal e ficou no fim da fila entre os entes federados em pior situação financeira, junto com Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Os dados fazem parte de um relatório divulgado ontem pela Secretaria do Tesouro Nacional, que detalha os problemas da administração, como o endividamento e o descumprimento do limite de gasto com pessoal permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. É a primeira avaliação geral feita na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL), com base em números de 2018.
O relatório destaca que Minas foi um dos estados que ingressaram com ação no Supremo Tribunal Federal para suspensão do pagamento de dívidas garantidas pela União, o que lhe tem valido a liberação de bloqueios que poderiam ter sido feitos este ano. Conforme mostrou o Estado de Minas na edição de segunda-feira, o STF liberou nos últimos sete meses R$ 1,86 bilhão para o estado.
Minas Gerais também aparece com um dos piores percentuais de gasto com pessoal em relação à receita. Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, esse índice deve ser no máximo de 60%, mas o estado atingiu em 2018 o percentual de 78,13%. Segundo o relatório, Minas “poderia ter economizado cerca de R$ 13,5 bilhões se tivesse adotado medidas para conter a elevação da despesa com pessoal no momento em que a relação chegou a 54%”.
De acordo com o relatório, o Judiciário é o mais caro entre os poderes independentes dos estados e consome em média 5,3% da receita corrente líquida. Neste critério, Minas tem o maior percentual, ultrapassando os 6% no gráfico. Em termos absolutos, o relatório mostra que Minas Gerais é o estado que mais gastou com a Assembleia Legislativa no ano passado, um total de R$ 1,5 bilhão.
No documento, o Tesouro Nacional informou que “apesar dos indícios de deterioração fiscal, apenas em janeiro de 2019 o estado manifestou formalmente a intenção de aderir ao RRF (Regime de Recuperação Fiscal)” e está, desde então, avançando nas negociações para construção do plano”.