Jornal Estado de Minas

POLÍTICA

Após expulsão de Frota, dois deputados estão na mira do PSL

Além de Alexandre Frota (SP), expulso anteontem do PSL, mais dois dos 54 deputados estão ameaçados de ter de deixar o partido. Nos casos de Bibo Nunes (RS) e Alê Silva (MG), porém, a rixa é com o presidente nacional da sigla, deputado Luciano Bivar (PE), e não com o presidente Jair Bolsonaro.

Nunes e Alê defendem a renovação no comando da legenda em novembro, com a eleição de um nome alternativo a Bivar, e dizem que estão sofrendo retaliação. Nas últimas semanas, os parlamentares perderam os cargos que desempenhavam em nome do PSL no Legislativo e entraram em atrito com os dirigentes locais do partido no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais. O roteiro é semelhante ao que ocorreu com Frota, que também perdeu posições no Congresso e se desgastou com a direção do partido em São Paulo - a cargo do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.

O parlamentar do Rio Grande do Sul foi destituído das comissões de Turismo e de Ciência e Tecnologia. Também renunciou à vice-liderança do PSL, antecipando-se à uma decisão do partido. O embate ecoa uma disputa de forças no diretório da sigla em seu Estado, hoje nas mãos do deputado Nereu Crispim (PSL-RS). Ao cobrar Bivar, Nunes relatou que recebeu um xingamento por mensagem: "Vai tomar no c...".



Para se antecipar a um processo interno, Nunes usou o xingamento para entrar com uma reclamação contra Bivar no conselho de ética do PSL, embora não tenha esperança de que o dirigente seja punido. "É tudo gente dele", afirmou o deputado gaúcho. "Esse é o nível de um coronel. Eu quero uma eleição no partido, em que ele está há 21 anos. A solução no PSL é o Bolsonaro retomar o comando do partido, eu vou falar isso com ele."

'Laranja'

Bivar também retirou Alê Silva da Comissão de Finanças e Tributação, depois de ela ter faltado a uma sessão de discussão da reforma da Previdência - a deputada afirmou que sofreu um acidente e que apresentou atestado médico. Ela havia denunciado um suposto uso de candidaturas falsas para desvio de verbas eleitorais, o que levou à abertura de investigações que envolvem o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, deputado licenciado por MG, e o próprio Bivar.
"Quem é ele (Bivar) para me castigar por uma ausência sendo que ele é dos que mais têm ausência na Casa? Eu entendi que ele me retaliou na comissão por eu ter feito as denúncias do ‘laranjal’ em Minas Gerais, que acabou por atingi-lo", disse Alê Silva. "Se me expulsarem do partido, não importa.
Continuo meu trabalho aqui dentro defendendo as pautas do governo. Sou leal ao Bolsonaro."

Já a saída forçada de Frota, anteontem, foi provocada por embates com o presidente e seus filhos, entre eles, as críticas feitas à indicação de Eduardo como embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
A reportagem não conseguiu contato com Bivar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo..