A Polícia Civil informou na manhã desta sexta-feira (16) que não descarta a possibilidade de José Rogério dos Santos, segurança da presidente da Câmara Municipal de Nely Aquino, ter sido assassinado.
A corporação divulgou as últimas imagens dele com vida, que mostram o trajeto que o funcionário do Legislativo fez de casa até as proximidades do local em que foi encontrado morto, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Os registros das câmeras mostram que José Rogério caminhou sozinho, não falou o telefone e não foi seguido por ninguém na noite em que saiu de casa. De acordo com a polícia, as hipóteses consideradas são as de autoextermínio ou homicídio. Já foram ouvidas seis pessoas e mais quatro passaram por oitivas nesta sexta-feira.
O delegado Rodrigo Bustamante, chefe da 2º delegacia de Contagem, informou que foi traçado o perfil psicológico do funcionário do Legislativo, que era considerado uma pessoa séria e bom profissional. "A família relata que ele era um homem muito pacato, sereno e reto nas suas atitudes, mas que ultimamente apresentava um comportamento um pouco mais arredio", disse.
Segundo relatos de familiares ele não havia sofrido nenhuma ameaça, mas demonstrava apreensão recentemente. O perfil psicológico é importante para ajudar na definição de uma possível motivação da morte.
A informação divulgada inicialmente, de que ele estaria deprimido com o nascimento de uma filha que apressentava problemas, não foi confirmada por parentes.
Segundo o delegado Rodrigo Bustamante a causa da morte foi traumatismo crânio-encefálico em virtude de uma bala de calibre 22. A necropsia mostrou que o trajeto do projétil foi de cima para baixo. Questionado se esse detalhe indicaria uma execução, o policial afirmou que não é possível afirmar, já que, em caso de suicídio, dependeria da forma como ele segurou a arma. O corpo não tinha marcas de nenhuma outra lesão.
A arma que foi encontrada próxima ao corpo é compatível com o ferimento na testa dele e, segundo o delegado, não pertencia a José Rogério. "Ele não possui nenhum registro de arma de fogo. Ele armava e desarmava no seu local de trabalho, não tinha porte", explicou o delegado. A arma usada pelo segurança na Câmara era uma pistola semiautomática Taurus, modelo 380.
O desaparecimento de José Roberto foi comunicado na segunda-feira dia (12) e ele foi encontrado cerca de 24 horas depois. Ele foi enterrado na quarta-feira (14) no Cemitério Bosque da Esperança, região norte de Belo Horizonte.
O caso está sendo investigado pela Delegacia Especializada em Homicídios de Ribeirão das Neves, mas as informações foram repassadas à imprensa pela unidade de Contagem.
Telefonema antes de morrer
Segundo o delegado Bustamante, a chave para solucionar o caso pode estar em um telefonema que José Rogério recebeu antes de sair de casa. Na ocasião, ele disse a familiares que estaria saindo para conversar com o pai ao telefone, mas este não confirmou a ligação.
A polícia está adotando medidas judiciais para ter acesso ao número que fez o telefonema e ao conteúdo da conversa.
Questionado sobre o motivo que o levaria a considerar a hipótese de homicídio, o delegado disse que isso ocorre porque o inquérito ainda não foi concluído. Segundo ele, faltam laudos e pessoas para ser ouvidas.
Clima tenso na Câmara
O segurança José Rogério foi encontrado morto duas semanas depois de a Câmara Municipal de BH viver um dos seus momentos mais tensos, com registro de ameaças aos vereadores Nely Aquino e Jair de Gregório – presidente e vice-presidente. Ambos receberam vídeos e áudios na véspera da votação de um processo de cassação na Casa.
No dia em que o ex-vereador Cláudio Duarte (PSL) perdeu o mandato com os votos dos colegas, Nely informou que iria reforçar sua segurança, diante de vídeos que mostravam que alguém acompanhava a rotina do seu filho.