O município de Francisco Sá, de 26,18 mil habitantes, no Norte de Minas, vive uma espécie de síndrome do distanciamento entre prefeito e vice-prefeito. Na gestão passada (2013/2016), os então prefeito, Denilson Rodrigues Silveira (PMDB) e o vice, Jorge Luiz Dias de Almeida (PC do B) romperam no meio do mandato.
O atual vice-prefeito da cidade, João Aniba Soares de Souza (PC do B) rompeu com o chefe do executivo, Mário Osvaldo Casasanta (PT). Mas, quando foi vice-prefeito em outra gestão (2005/2008), se afastou do então prefeito, Ronaldo Ramon de Brito (DEM).
O atual vice-prefeito, Joao Aniba, alega “perseguição” e “falta de espaço na administração municipal por parte do prefeito Mário Osvaldo como motivos por ter rompido com o chefe do executivo ainda no primeiro ano de mandato. “Depois da posse, vi que ele (Mário Osvaldo) é um coronel mesmo, como os adversário diziam durante a campanha eleitoral de 2016”, afirma Aniba.
O vice acusa o titular de perseguir servidores públicos municipais. “Ele também passou a perseguir pessoas da minha família”, acusa.
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Procurado pela reportagem, o prefeito Mário Osvaldo rebateu as acusações do vice-prefeito João Aniba. “O vice rompeu conosco porque ele queria indicar pessoas para a prefeitura, à base da política antiga do “é dando que se recebe”. E isso eu não aceito. Hoje, a estrutura do país não permite mais politicagem barata, aquela política do tapinha nas costas e da troca de favores”, afirmou Mário Osvaldo.
O chefe do executivo negou perseguição a servidores públicos municipais. Argumentou que adotou critérios técnicos para a renovação de contratados de funcionários não concursados. “Quando assumi a prefeitura, tinha muitos contratos vigentes de funcionários. Passamos a fazer uma avaliação e simplesmente não renovamos os contratos daqueles (servidores) ruins)”, disse o prefeito, desmentindo qualquer tipo de retaliação a parentes do vice.
Mário Osvaldo afirma que o desempenho do corpo de funcionários da prefeitura melhorou na atual gestão municipal. “Hoje, o comprometimento dos nossos servidores é de 98%”. Ele sustenta que não houve indicações politicas na composição de sua equipe de assessores. “O meu secretariado é todo técnico”, diz o atual chefe do executivo, acrescentando que sua assessoria conta também com pessoas que não pertenciam a seu grupo político.
A gestão “apolítica” apresenta resultados positivos, garante o prefeito do município do Norte de Minas. “Administramos com transparência e a nossa cidade está mais organizada”, observou.
O atual prefeito disse que não sente nenhum incômodo pelo fato do vice – e, agora, desafeto, anunciar que também vai disputar a prefeitura em 2020. “Acho que ele não tem chance nenhuma (de vencer a eleição)”, avalia.
Mário Osvaldo foi conciso ao responder porque, na época que foi vice-prefeito (2005/2008) rompeu com o então prefeito Ronaldo Ramon ainda no primeiro ano de mandato. “Rompi porque a prefeitura estava uma bagunça”, disse.
Na gestão anterior (2013/2016) em Francisco Sá, passados quase tres anos de mandato, o então vice-prefeito Jorge Luis Dias de Almeida (PC do B), o “Jorjão da Florestal”, se afastou do então titular, Denilson Rodrigues Silveira (PMDB). “O problema foi que o vice queria que eu demitisse a secretária municipal de Agricultura, à época, eu não aceitei”, argumenta, hoje, Denilson Silveira, o “Denilsão”, ao justificar o motivo do rompimento do seu companheiro de chapa. A reportagem tentou, mas não conseguiu contato com “Jorjão da Florestal” para ouvir sua versão.
“Acho que, o que acontece em Francisco Sá é que todo vice-prefeito quer ser prefeito. Isso acaba provocando atritos”, opina Denilsão, que, hoje, trabalha como professor estadual no município e garante que não vai mais disputar cargos eletivos.
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