A declaração dada nesta terça-feira pelo presidente Jair Bolsonaro, de que não pretende submeter seu filho Eduardo ao fracasso, numa referência ao processo de indicação de seu nome para ocupar a embaixada do Brasil em Washington, nos Estados Unidos, é um reflexo da resistência de parte do Senado Federal à vontade pessoal do mandatário em alçar seu filho a um dos postos mais cobiçados do Itamaraty.
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Carvalho Teixeira destaca que além da questão "um tanto folclórica e inusitada" de Bolsonaro indicar o próprio filho para a embaixada nos Estados Unidos, que pode ter pesado na atual resistência de parte dos senadores, as recentes declarações grosseiras e verborrágicas do mandatário com a questão externa - críticas à possibilidade do kirchnerismo voltar ao poder na Argentina e à suspensão de repasses da Alemanha e Noruega ao Fundo Amazônia - também acenderam o sinal amarelo.
"Não se pode lidar com esse padrão beligerante nas questões externas, tanto que a palavra chave para isso é diplomacia, que se fia na arte da negociação", emenda.
O cientista político acredita que a soma desses fatores, aliado ao fato da divulgação pela imprensa do suposto acerto feito entre Bolsonaro e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para a indicação de dois nomes para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), também contribuíram para aumentar as resistências ao nome de Eduardo Bolsonaro.
Segundo o professor da FGV, caso a resistência se confirme e o nome de Eduardo não passe pela Casa, ou nem seja indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, isso evidenciará a postura frágil do mandatário, que não conseguirá jogar a favor de seus próprios interesses. "Será um nocaute para o próprio governo e para Bolsonaro. E se confirmar, creio que ele não terá forças para cumprir o que havia prometido (e depois voltou atrás) de indicar Eduardo para ser o novo chanceler, no lugar de Ernesto Araújo no Itamaraty."