Mesmo sem poupar críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que concorreu à Presidência da República no ano passado, disse que “impeachment não é remédio para governo ruim”. Ele participou de uma roda de conversas com estudantes da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), em Divinópolis, na manhã desta sexta-feira (23).
Segundo o ex-ministro, o fato de ser contra o impeachment não significa que Bolsonaro “ganhou uma fazenda particular para expor e fazer o que quiser”. “Temos que lutar para dar limites a ele”, enfatizou.
Regra da democracia
Adjetivando o presidente, afirmou que o Congresso Nacional está cumprindo o papel de fazê-lo jogar dentro das regras da democracia. “Já se sabe que ele é um fascista, demente, irresponsável, mas a contenção dele dentro do espaço, da regras do direito democrático, tem sido um jogo jogado com muito brilhantismo pelo Congresso”, afirmou dizendo que cabe aos deputados e senadores “conter danos”.
Entre as falhas de Bolsonaro, o candidato derrotado à presidência citou a demissão do secretário especial de Cultura, Henrique Pires devido a censura ao edital de projetos LGBT. “A agência não pode obedecer a estética do Bolsonaro só porque ele tem problemas graves de armário”, disparou.
Outro problema citado por Ciro, são as declarações e ações do presidente em relação às queimadas na Amazônia que podem resultar, segundo ele, no “boicote” por parte de países europeus.
Privatizações
O ex-ministro também criticou a possibilidade de privatização da Cemig, Codemge/Codemig e a Copasa. “Privatização de transmissão de energia elétrica é uma coisa que você pode, sem exagero, chamar de crime. “Uma coisa é você privatizar a distribuição”, afirmou. Segundo ele, o reflexo pode ser a falta de energia com preços das tarifas que irão “explodir”.
“É imponderável, eu estou apostando, quem quiser que me demonstre o oposto, que os direitos minerários da Codemig valem, provavelmente R$1 trilhão. Se ela for vendida vai ser vendida por balanço e não vai conseguir mais do que R$10 milhões, ou 20 ou 50 milhões”, opinou.
As críticas se estenderam ao governo federal. Mesmo dizendo que privatização não é uma “aberração” como a “esquerda antiga” falava, se posicionou contra a venda da Petrobrás e dos Correios. “Nenhum país que tem reserva de petróleo abundante, como o Brasil, tem empresas privadas (...) Nenhum país do mundo, menos quatro, entrega para o capital estrangeiro seus correios e telégrafos”.
(Amanda Quintiliano, especial para o EM)