Os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PSL) foram mais uma vez à Praça da Liberdade, Região Centro Sul de Belo Horizonte, manifestar apoio à operação Lava Jato, pedir o veto total ao projeto de lei que pune abuso de autoridade, aprovado pelo Congresso, e gritar contra os ministros do Supremo Tribunal Federal. Mas, neste domingo (25), entre as várias pautas, o presidente da França Emmanuel Macron acabou se tornando alvo preferencial dos discursos nos carros de som, por causa da divergência que teve com o presidente brasileiro por causa do aumento das queimadas na Amazônia.
O protesto teve a participação de movimentos como o Vem pra rua, Patriotas, Pró Libertas, Sai da Bolha, Mulheres da Inconfidência e Brava Gente.
Em um dos carros de som, um puxador perguntou que autoridade moral Macron tem para “dar palpite” na Amazônia e usou a frase do rei da Espanha Juan Carlos, dita a Hugo Chávez, que ficou famosa em 2007 durante a 17ª Cúpula Ibero Americana. “Por que não te calas, Macron? A Amazônia é nossa, respeita nossa soberania”. Na sequência uma das líderes tomou a palavra e usou o lema da revolução francesa para “enquadrar” o presidente francês. “Macron? Liberté, Egalité, Franertité e vai se fuder”, disse.
Em outro carro de som, líderes também questionaram a autoridade francesa para falar do Brasil. No discurso, aplaudido pelos manifestantes de verde e amarelo, um dos líderes disse ao microfone que os ativistas nas redes sociais conseguiram pautar a narrativa sobre a Amazônia e ridicularizar os que falaram contra o governo.
“O que acho interessante do governo Bolsonaro é que ele nos ouve, a gente está em grande parte pautando esse governo. Nós conseguimos ridicularizar. Até Ângela Merkel teve que chegar e falar nós não vamos colocar esse acordo (do Mercosul com a União Europeia) em risco não”, afirmou, exaltando na sequência a “capacidade intelectual” e a criatividade do grupo em se posicionar nas redes sociais.
Moro e Dallagnol
Em meio aos cartazes que diziam entre outras mensagens “segura o cabresto Bolsonaro, e galopa Brasil”, três “manifestantes” de quatro patas ganharam os holofotes e viveram dia de 'celebridades'. Em um carro de bebê, vestidos de verde e amarelo, os cachorros Decko, Cauê e Kirra, que acompanhavam a servidora pública Andrya Alencar, 59, tiveram até de posar para fotos com várias pessoas que passavam pela praça.
“Eles vêm desde o fora Dilma. Hoje estamos aqui a favor da Lava Jato, pela liberdade do Coafa, Polícia Federal e em apoio a Moro e Deltan”, afirmou Andrya, que criticou a atuação do STF e cobrou a CPI da Lava Toga. Ela diz apoiar Bolsonaro mas cobrou um posicionamento dele em relação a essas pautas.
Nos cartazes, os apoiadores de Bolsonaro e Sérgio Moro pediram o procurador Deltan Dallagnol na Procuradoria Geral da República, Dias Toffoli e Gilmar Mendes fora do Supremo Tribunal Federal, a CPI da toga e mais poder para a Polícia Federal.
A coordenadora do Vem pra Rua Kátia Pêgos disse que o foco do grupo é ir contra uma “tentativa de blindagem dos poderosos” e de “fortalecer a criminalidade”. “Não é apoio ao Bolsonaro, é um pedido de ajuda para que ele leve em frente o que prometeu. O VPR é suprapartidário, não apoiamos políticos, mas causas”, disse.