O bate e volta a Washington organizado pelo chanceler Ernesto Araújo e pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, serviu para enviar um sinal ao "mundo inteiro" da "relação diferenciada" entre os dois países. Essa foi a definição do ministro após deixar a Casa Branca sem fazer anúncios concretos e dizer que não houve pedido específico feito pelo Brasil aos EUA.
Segundo Araújo, a novidade foi "a reunião em si" com Trump e o "novo patamar" que a relação entre os dois países atingiu. O ministro classificou o encontro como o "momento mais simbólico" da relação entre os dois países, desde a visita de Bolsonaro a Trump, em março.
A viagem também se dá como parte do esforço de Eduardo Bolsonaro de mostrar as credenciais para assumir a embaixada do Brasil nos EUA. O deputado disse que Trump "reforçou intenção de maneira educada de apoiar minha candidatura, mas não aprofundamos".
A indicação do deputado ainda não foi oficializada pois o governo acredita não ter, até o momento, os votos necessários no Senado para aprovar a nomeação de Eduardo como embaixador em Washington. O governo, no entanto, rechaça que a presença de Eduardo Bolsonaro na comitiva seja uma promoção da campanha do filho "03" do presidente. Mas cada ato de aproximação de Eduardo com Trump tem sido usado por Bolsonaro para reiterar a escolha do filho para representar o País nos EUA.
A presença de Eduardo na comitiva despertou o interesse dos jornalistas estrangeiros. "É o filho embaixador?", perguntaram alguns jornalistas a brasileiros presentes. Na sala de imprensa, profissionais perguntavam o motivo de "o filho do presidente do Brasil" estar reunido com Trump se ele "ainda não é embaixador".
Um dos jornalistas estrangeiros perguntou a Eduardo sobre o comentário feito "pelo seu pai" sobre a esposa de Emmanuel Macron e o deputado, depois de perguntar a um auxiliar o que tinha sido questionado, pediu a Araújo para responder. Ele não quis responder a nenhuma das perguntas da imprensa internacional. Já fora da Casa Branca, aos jornalistas brasileiros, Eduardo disse ter preferido a imprensa nacional porque "vocês são muito mais bonitos".
Amazônia
Ontem pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que Ernesto e Eduardo deveriam trazer novidades ao Brasil e que havia pedido ajuda para Trump para combater as queimadas na Amazônia.
O chanceler e o deputado foram questionados sobre o tema e não fizeram anúncio de ajuda específica negociada com os americanos. Trump já havia oferecido apoio há cerca de uma semana, quando telefonou para Bolsonaro.
Ao final de duas rodadas de conversas com jornalistas, o deputado deixou em aberto a possibilidade de que o pai anuncie, em Brasília, algo sobre o encontro com Trump, sem dar detalhes. "Qualquer tipo de anúncio ou fato mais detalhado certamente o presidente falará, inclusive é uma deferência antes de falar com Bolsonaro estarmos falando com vocês", afirmou.
O encontro aconteceu em meio ao questionamento internacional sobre a política ambiental de Bolsonaro. Trump, que já retirou os EUA do acordo climático de Paris e questiona evidências científicas como o aquecimento global, tem sido um aliado do governo brasileiro no cenário externo.
Segundo o filho do presidente, os países que tentarem "subjugar" a soberania do Brasil encontrarão problemas com os EUA.
Eduardo e Ernesto chegaram na Casa Branca às 13h35, no horário de Brasília, e ficaram reunidos com as autoridades do Conselho de Segurança Nacional antes da chegada de Trump no local. A reunião com o presidente americano só aconteceu por volta das 15h e durou cerca de trinta minutos. Estavam presentes pelo lado americano o secretário de Estado, Mike Pompeo, e Jared Kushner, assessor e genro de Trump.
Estavam na comitiva brasileira o assessor para assuntos internacionais do Planalto, Filipe Martins, e o embaixador Nestor Forster, encarregado de negócios da embaixada do Brasil em Washington. Forster é o atual chefe da embaixada brasileira. As informações são do jornal O Estado de S.