Um mês após a decretação da prisão preventiva, a Polícia Federal informou à Justiça Federal que já não há necessidade de manter presos dois dos quatro suspeitos de hackear altas autoridades da República.
A PF está focada em desvendar se houve pagamento para a obtenção e compartilhamento de mensagens por parte dos hackers, e tem pedido medidas com esse objetivo, e entende que é necessário manter presos apenas Walter Delgatti Neto, descrito como líder do grupo, e Gustavo Henrique Santos, o DJ de Araraquara.
Walter confessou ter invadido o celular das autoridades e repassado o pacote de mensagens ao site The Intercept, mas nega ter recebido qualquer pagamento.
A manifestação, sigilosa, foi enviada na noite desta sexta-feira, 30, após o juiz Ricardo Leite, da 10.a Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, questionar se era preciso manter as prisões.
Segundo uma fonte com acesso à decisão, a PF informou que a soltura de Suelen Priscila de Oliveira - esposa de Gustavo - e de Danilo Cristiano não ofereceria risco à investigação. No período de um mês, já foi feita a perícia nos materiais apreendidos com Danilo, que é amigo do Vermelho. Ainda que Danilo pudesse ter conhecimento de invasões, a defesa sustenta que não tem envolvimento.
Com a manifestação da PF, a expectativa é que a soltura de Suelen Priscila de Oliveira e de Danilo Cristiano Marques possa ser expedida na segunda-feira, 2.
Entre as alegações para manter Walter Delgatti preso, ainda restam diversos materiais a serem periciados. Quanto a Gustavo Henrique, a Polícia Federal ainda não conseguiu acessar um aparelho eletrônico apreendido.
Os investigadores buscam evidências de pagamento. Esse é o ponto crucial da investigação e novas medidas foram pedidas na semana passada relacionadas à apuração de fraudes bancárias.
Na decisão em que pediu a avaliação da PF, o juiz Ricardo Leite registrou um total de seis crimes sendo investigados na Operação Spoofing: organização criminosa, violação de sigilo telefônico, invasão de dispositivo informático alheio, lavagem de dinheiro, fraudes bancárias e estelionato.
Os quatro suspeitos foram presos pela Polícia Federal no dia 23 de julho, no âmbito da investigação sobre a invasão de telefones celulares de autoridades, incluindo o presidente da República, Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador da República e coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol.
Quem são os suspeitos
Suelen Priscila de Oliveira. Namorada de Gustavo Henrique Elias Santos, tem 25 anos e não tinha passagem pela polícia. Segundo o advogado, tem conhecimento "razoável" de informática e trabalha com criptomoedas. Foi presa junto com Gustavo em São Paulo.
Danilo Cristiano Marques. 33 anos, foi preso em Araraquara. É amigo de Delgatti e já foi testemunha dele em dois processos. Morava no Jardim Paineiras, em Araraquara..