A bancada do PSL na Câmara se reúne, nesta terça-feira (10, para lavar a roupa suja num processo que pode definir uma reestruturação interna. Em jogo, está o reposicionamento do partido no Congresso e o futuro da relação com as demais legendas para construir composições e assegurar apoio às agendas do governo. A sigla estará dividida em dois grupos. Um representado pelo líder, Delegado Waldir (GO), e outro pelo primeiro vice-líder, Felício Laterça (RJ).
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PSL tem 215 diretórios em situação irregular no Estado de SP PSL, PT e MDB terão maior parte do fundo eleitoral em 2020Estou cogitando deixar o PSL, diz Major OlímpioDa reunião desta terça, a expectativa entre alguns deputados é de mudança, como a permanência ou a saída do líder do posto. O lado favorável a Laterça sustenta que seria a primeira eleição, de fato, para a definição da liderança, uma vez que a atual formação decorre de uma lista de apoiamento.
A intenção da ala favorável à mudança no partido é, primeiro, depor Waldir, para, depois, discutir uma reestruturação mais ampla, com mudanças nas presidências estaduais da legenda. Esse segundo movimento seria uma resposta direta ao presidente nacional do PSL, Luciano Bivar (PE). Alguns deputados questionam o poder dele, e o classificam como centralizador e arbitrário, a ponto de ter expulsado o deputado Bibo Nunes (RS) do grupo de WhatsApp da sigla e das comissões de Turismo e Agricultura.
O próprio presidente Jair Bolsonaro é um dos mais interessados com o que está por vir. A alguns deputados do PSL, ele se queixa de erros e brigas internas do partido. Aos mais próximos, manifestou o desejo de mudanças nas presidências estaduais e confidenciou que, sem uma reestruturação, sairá da sigla. O Patriota poderia ser o lugar de destino. Ele mantém contatos com o presidente nacional da legenda, Adilson Barroso, que espera um embarque, no partido, de 30 deputados do PSL.
Ruptura
O PSL, admitem parlamentares de ambos os lados, nunca foi unido. As desavenças, recordam, existem desde a transição. Mas, em prol da agenda governista, tentaram deixar as diferenças de lado. Foi assim até a aprovação da reforma da Previdência. Os sintomas de ruptura começaram a ficar mais transparentes depois das votações, em plenário, do pedido de urgência para o projeto de abuso de autoridade, e do Projeto de Lei nº 11.021/18, que dá mais liberdade para os partidos usarem verbas do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral.
A votação do projeto, que altera regras eleitorais, em que a liderança orientou voto contrário e, depois, mudou para o “não”, foi a gota d’água. Na quinta-feira, Bibo iniciou coleta de assinaturas para convocar a eleição de um novo líder. No mesmo dia, atingiu 23. No domingo, um deputado alinhado a Laterça disse que eles contam com maioria.
Waldir desdenha da lista que pede uma eleição e diz que isso ocorreu em pelo menos outras 10 ocasiões. “Sob minha liderança, temos 98% de afinidade com o governo. Na própria terça (antes da votação do PL nº 11021/18), chamei cerca de 40 deputados, e só dois fizeram objeção”, afirma. Laterça, por sua vez, entende que está na hora de ajustes para aperfeiçoar e considera que votar com o governo é apenas um reflexo. “A liderança tem de ter maior participação como um todo, não de forma absolutista”, pondera. Procurado, Bivar não se posicionou..