A iniciativa foi do advogado Mariel Marra, responsável também por apresentar o pedido de cassação do vereador Wellington Magalhães. Ao saber da reclamação do procurador, ele resolveu montar a caixa de doação na tarde dessa terça feira. Marra conta que a ideia veio de uma inspiração imediata. A intenção era fazer o procurador "cair na real". Para o advogado, a declaração "infeliz" de Azeredo é motivo de indignação, levando em consideração que a população em geral ganha muito menos que R$ 24 mil.
Agora, ele pretende montar outra caixa de doação, dessa vez em frente à procuradoria. Na avaliação de Marra, uma ação judicial contra Azeredo não cabe, já que ele não cometeu nenhuma ilegalidade ao protestar contra os próprios ganhos. "Por enquanto, estamos no campo da moralidade", argumenta. De acordo com o advogado, nenhuma quantia havia sido arrecadada na caixa da Pampulha. A reportagem foi até o local nesta terça feira, mas não encontrou a caixa de doação.
"Como o cara vai viver com R$ 24 mil?"
O desabafo do procurador Leonardo Azeredo dos Santos foi gravado durante uma reunião extraordinária da câmara de procuradores do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A pauta em discussão era o orçamento para 2020. Quando tomou a palavra, Azeredo reclamou do salário de R$ 24 mil, além de afirmar que estava reduzindo seu "estilo de vida" para conseguir sobreviver com esse valor.
"Estou deixando de gastar R$ 20 mil de cartão de crédito e estou passando a gastar R$ 8 (mil), para poder viver com os meus R$ 24 mil. Agora, eu e vários outros já estamos vivendo à base de comprimidos, à base de antidepressivo", prosseguiu o procurador.
Na verdade, os ganhos de Azeredo superam os R$ 24 mil. De acordo com dados do portal da transparência do MPMG, em julho Azeredo recebeu R$ 9.008,30 de indenização mais R$ 32.341,19 em remunerações retroativas/temporárias. No total, com o salário, o procurador recebeu R$ 65.152,99.