O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava-Jato no Paraná, disse que o subprocurador Augusto Aras, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para chefiar a Procuradoria-Geral da República nos próximos dois anos, "expressou seu compromisso de manter e até fortalecer o trabalho das forças-tarefa".
Segundo Deltan, o provável sucessor de Raquel Dodge no comando da instituição demonstrou "sua abertura ao diálogo e sua disposição para uma atuação coordenada".
Por meio da rede interna dos procuradores na internet, Deltan informou seus pares que, nesta quinta-feira, 12, "manteve contato" com Aras.
O preferido de Bolsonaro está em campanha no Senado, preparando-se para a sabatina a que será submetido.
A escolha do presidente sofre resistência de procuradores que defendem a lista tríplice eleita pela classe como a via ideal para a cadeira número 1 da PGR. Aras não fez parte da lista.
Deltan disse que se manifestou "diversas vezes em apoio à lista tríplice, uma ideia/prática que merece ser fortalecida e institucionalidade". "Contudo, a indicação foi feita e tudo aponta que se consolidará", pondera.
Determinado a impedir o fim da Lava-Jato, Deltan pondera que "o momento é de aproximar para um trabalho coordenado".
"Sem um trabalho coordenado com o PGR, a Lava-Jato não funciona."
Na avaliação de Deltan, "é importante o trabalho conjunto para continuar expandindo as investigações para responsabilizar criminosos e recuperar recursos, dentro da nossa atribuição".
"Com esse propósito, tive um contato inicial com o dr. Aras, ontem", escreveu Deltan.
O procurador da Lava-Jato ressaltou que "escreve em nome próprio". Ele cita dois procuradores na mensagem. "Concordo com José Alfredo e Vladimir: é hora de trabalhar pelo Ministério Público Federal. A atuação da Lava Jato, especialmente, depende de permanente coordenação entre instâncias, inclusive entre primeira e Procuradoria-Geral da República."
O procurador da Lava Jato destacou a importância de o escolhido por Bolsonaro para o topo da PGR já ter convidado alguns procuradores para compor sua equipe.
"Como disse ao dr. Aras no contato, entendo que foi importante sua iniciativa de convidar para continuarem na Lava Jato os colegas Hebert, Victor, Clara, Alessandro e Luana, assim como o convite para que Thamea a integre. São excelentes profissionais e ficarei contente se integrarem a equipe na PGR."
Deltan lembra que "os desafios do MPF e do combate à corrupção são imensos". Ele conclamou os colegas a "construírem o futuro mediante o diálogo e a cooperação".