Jornal Estado de Minas

Prefeito mineiro faz críticas a empresários por envolvimento em casos de corrupção

Com a experiência de ter sido deputado federal por oito mandatos e de ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), o prefeito de Montes Claros, Humberto Souto (PPS), criticou parte dos grandes empresários brasileiros pela “mea culpa” nos esquemas de corrupção, que, segundo ele , “destruíram o país”. 
 
“Os empresários se omitiram. Os empresários participaram desse processo imoral. Grandes empresários contribuíram para destruir esse país. O país foi destruído. O buraco que nos colocaram é um negócio que não tem tamanho, (provocando) uma crise nacional”, afirmou Souto, fazendo referência ao esquema de corrupção na Petrobras, investigado pela Operação Lava-Jato. 
 
As empreiteiras que prestavam serviços para a estatal brasileira do petróleo, foram acusadas de formação de cartel, superfaturamento de obras e pagamento de propinas a políticos em troca de contratos. De acordo com a Lava-Jato, o esquema foi liderado pela Construtora Odebrecht, sendo investigadas outras grandes empreiteiras como   Camargo Corrêa, OAS, Andrade Gutierrez,  Iesa, Mendes Júnior, Galvão Engenharia, UTC,  Queiroz Galvão e  Engevix. 
 
Nesta sexta-feira, foi confirmado que o ex-presidente da empreiteira OAS Léo Pinheiro, que acusa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do apartamento triplex, teve o acordo de colaboração homogada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Pinheiro está preso desde setembro de 2016 e já foi condenado por cinco ações penais da Lava-Jato em Curitiba. 
 
Humberto Souto abordou a questão quinta-feira à noite, na abertura da 24ª Feira Nacional da Indústria, Comércio e Serviços de Montes Claros (Fenics), diante da presença do governador Romeu Zema e vários empresários, além de deputados federais, deputados estaduais e outras lideranças
 
O ex-ministro do TCU disse que muitos empresários se corromperam  porque “foram obrigados” a isso por “políticos que quebraram o país”. “Acredito que (os empresários corrompidos) fizeram isso porque foram forçados dentro de uma contingência – ou davam 10% (de comissão) ou não recebiam o dinheiro da obra.
O negócio era dessa maneira. Não podemos nem condenar as pessoas”, comentou. 
 
Humberto Souto salientou que, assim como os políticos, “os empresários precisam dar exemplo exemplo de trabalho e compromisso com o desenvolvimento do país. É isso que precisamos fazer”. Ele citou os próprios empresários que realizam investimentos em Montes Claros – e presentes na solenidade de abertura  da feira, como exemplos de correção. 
 
Mas, ele também chamou atenção dos gestores públicos e outros integrantes da classe politica para se evitar a corrupção. “Temos que ter a consciência (da necessidade) da gestão correta. E não exigir o pagamento de comissão em obras”. Nesse sentido, citou o seu próprio exemplo a sua conduta na frente da prefeitura de Montes Claros, onde, após sanar as finanças públicas, executa um pacote de diversas obras em andamento e tem dinheiro em caixa.
“É simples, o que pode (fazer), pode. O que não (fazer), não pode. É não empregar parentes, não ter empreguismo e não fazer politicagem”, recomendou. 
 
O prefeito de Montes Claros destacou ainda que os empresários têm “importância fundamental” no crescimento do país. “Somente a economia de mercado pode resgatar o desenvolvimento do país”, enfatizou Souto. 
 
Ao discursar logo após Humberto Souto, o governador Romeu Zema disse que o prefeito e ex-ministro do TCU “deu uma aula” sobre a boa gestão pública. Zema aproveitou a “deixa” da fala do seu antecessor na ordem dos discursos e disse que nas últimas décadas, o país teve grandes perdas econômicas porque “o estado no  Brasil privilegiou um pequeno grupo e esqueceu que o governo de estado existe para representar o povo e devolver a ele pelo menos um mínimo de dignidade em termos de saúde, educação, segurança e infraestrutura. E isso o sistema politico do Brasil deixou de fazer privilegiar alguns grandes empresários”. 
 
O governador salientou que “crescimento exige responsabilidade”, afirmando que “tivemos um crescimento falso na economia brasileira”. “O que se viu foi uma intromissão gigantesca do estado na economia. Aquilo que se via na economia, em que o desemprego chegou a quase zero em 2011 e 2012 não era crescimento.
 
Era um inchaço. Era a mesma coisa em que, uma pessoa, para melhorar o desempenho físico tomasse anabolizante.
Aí, ela melhora o desempenho físico em um ano, dois ou três anos; mas, depois, vai ter problemas cardíacos, renais e de impotência. Então, o que aconteceu no Brasil foi isso: um inchaço  na economia e estamos pagando o preço por isso”, relatou Zema. 
 
Ele disse ainda que o Governo do Estado está buscando o resgate da economia mineira, atraindo investimentos e “facilitando a vida de quem trabalha em termos tributários, ambientais e sanitários, sem destruir o meio ambiente, sem permitir sonegação e sem permitir a produção de alimentos inadequados”. Segundo Romeu Zema, as ações implementadas já eram resultados e nos primeiros sete meses de sua gestão à frente do Executivo Mineiro foram gerados 99,4 mil vagas de empregos no Estado. 

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