Às vesperas de completar nove meses de gestão e de encaminhar à Assembleia Legislativa os projetos de lei que tratam do ajuste fiscal em Minas Gerais, o governador Romeu Zema (Novo) não poupou críticas ao Judiciário, Legislativo e Ministério Público, avisou que não aceitará a criação de mais “privilégios” no Estado. Ele ainda creditou à Constituição Federal – que segundo ele trouxe uma democracia “irresponsável” ao país – a existência de benefícios exclusivos para algumas categorias no serviço público, além do desvirtuamento do papel do Estado.
De acordo com o governador, o Executivo e os demais poderes têm hoje em Minas Gerais um tamanho “incondizente” com aquilo que a sociedade pode pagar. No Executivo, onde estão os salários mais baixos do Estado, os contracheques são pagos de forma parcelada desde 2016. O que não acontece nos demais poderes.
“Então todos nós que estamos no setor público vamos ter que fazer algum esforço”, argumentou, durante participação no Fórum Liberdade e Democracia, em Belo Horizonte. No ajuste fiscal que será encaminhado à Assembleia Legislativa até o final do mês como forma de tirar as contas do vermelho, estão medidas como o congelamento de salários no serviço público e aumento na contribuição previdência de servidores, de todos os poderes.
“Aquelas categorias que serão afetadas no futuro, com certeza vão esbravejar e lutar, não querem perder os privilégios”, disse o governador. “E o que o plano propõe é exatamente isso, colocar um freio, um limitador no crescimento das despesas futuras. Nenhum privilégio vai ser desfeito, os existentes. Mas novos não serão criados”, completou.
“Então todos nós que estamos no setor público vamos ter que fazer algum esforço”, argumentou, durante participação no Fórum Liberdade e Democracia, em Belo Horizonte. No ajuste fiscal que será encaminhado à Assembleia Legislativa até o final do mês como forma de tirar as contas do vermelho, estão medidas como o congelamento de salários no serviço público e aumento na contribuição previdência de servidores, de todos os poderes.
“Aquelas categorias que serão afetadas no futuro, com certeza vão esbravejar e lutar, não querem perder os privilégios”, disse o governador. “E o que o plano propõe é exatamente isso, colocar um freio, um limitador no crescimento das despesas futuras. Nenhum privilégio vai ser desfeito, os existentes. Mas novos não serão criados”, completou.
No Ministério Público, por exemplo, a possibilidade de não ter reajuste salarial no ano que vem, por causa do ajuste fiscal, foi discutida durante reunião da câmara de procuradores em agosto, quando o procurador Leonardo Azeredo dos Santos reclamou do “miserê” que recebe mensalmente. Na ocasião, o procurador-geral Antônio Tonet, disse que poderá recorrer à Justiça para garantir um reajuste nos contracheques.
Para se ter uma ideia, membros do MP e magistrados ganham em torno de R$ 35 mil brutos, fora os “penduricalhos”, como auxílio-saúde de 10% do salário e vale lanche de R$ 1,1 mil mensais, sem desconto previdenciário ou Imposto de Renda.
Para se ter uma ideia, membros do MP e magistrados ganham em torno de R$ 35 mil brutos, fora os “penduricalhos”, como auxílio-saúde de 10% do salário e vale lanche de R$ 1,1 mil mensais, sem desconto previdenciário ou Imposto de Renda.
'Democracia irresponsável'
Nascido em 1964 – que ele chamou durante discurso de “o ano da revolução” ou do “golpe militar”, dependendo de quem fala sobre o assunto –, Zema disse que até 1985 o país viveu um período de “ditadura”, mas que a partir de 1985 começou a caminhar para uma democracia “irresponsável”.
“Porque foi uma democracia apenas no nome, uma democracia que permitiu que algumas categorias da sociedade se apropriassem do Estado. Estamos vivendo a situação atual exatamente por esse motivo. O Estado no Brasil foi desvirtuado completamente”, reclamou.
O argumento de Romeu Zema é que a Constituição de 1988 trouxe uma “quantidade de direitos” para algumas categorias “de dentro do Estado e algumas de fora” que se apropriaram da maioria da riqueza.
“E não vamos culpar só o Estado não, porque nós vimos nos últimos anos várias empresas serem cúmplices e até protagonistas junto de personagens de dentro do estado”, afirmou, lembrando que a Operação Lava-Jato freou em certa parte a corrupção, mas ainda é necessário medida legais e alterações na Constituição.
“E não vamos culpar só o Estado não, porque nós vimos nos últimos anos várias empresas serem cúmplices e até protagonistas junto de personagens de dentro do estado”, afirmou, lembrando que a Operação Lava-Jato freou em certa parte a corrupção, mas ainda é necessário medida legais e alterações na Constituição.
'Sem sentido'
Em defesa de uma reforma administrativa, Romeu Zema citou a organização dos municípios no país – são 5.556 cidades brasileiras – e a composição das câmaras municipais. O número de vereadores é estabelecido na Constituição e varia de acordo com o número de habitantes.
Ele afirmou que existem cidades com 2 mil a 3 mil habitantes, por exemplo, que tem um custo de estrutura administrativa e aina nove vereadores, que é o número mínimo de parlamentares no Legislativo municipal.
Ele afirmou que existem cidades com 2 mil a 3 mil habitantes, por exemplo, que tem um custo de estrutura administrativa e aina nove vereadores, que é o número mínimo de parlamentares no Legislativo municipal.
“Eu que sempre andei pelo interior do Estado como empresário, campanha, e agora governador, vejo coisas que não fazem sentido nenhum. Isso tem um custo altíssimo para a comunidade. No sistema atual em que os repasses são impositivos, o verador recebe em dia o salário dele, mas nos postos de saúde municipal falta medicamento para a população”, argumentou.
Zema disse que na maioria das câmaras de pequenas cidades o vereaor trabalha duas horas por mês para um salário de R$ 4 mil. “Não é um salário alto por mês, talvez R$ 4 mil, mas quem aqui de vocês ganha R$ 2 mil por hora. Eu não ganho e penso que aqui pouquíssimos de vocês devem ganhar. Então, este é um dos problemas que nós herdamos da Constituição de 1988”.
Zema disse que na maioria das câmaras de pequenas cidades o vereaor trabalha duas horas por mês para um salário de R$ 4 mil. “Não é um salário alto por mês, talvez R$ 4 mil, mas quem aqui de vocês ganha R$ 2 mil por hora. Eu não ganho e penso que aqui pouquíssimos de vocês devem ganhar. Então, este é um dos problemas que nós herdamos da Constituição de 1988”.