Nova York — Enquanto o presidente Jair Bolsonaro discursava na tribuna da ONU, a comitiva francesa, encabeçada pelo presidente Emmanuel Macron, fazia uma reunião a portas fechadas, numa das salas da entidade internacional, com o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), presidente do Consórcio da Amazônia Legal.
Os chefes dos Executivos estaduais da região e representantes de países europeus no Brasil retomarão a conversa em Brasília, no escritório da embaixada da Alemanha, na semana que vem, incluindo ainda outras nações da Europa.
“Não acompanhei o discurso, porque chegou a delegação francesa e tive que iniciar a reunião. O que eu entendo é que precisa diminuir o tom de todos os lados. E não estou falando isso agora, falamos com o presidente Bolsonaro e com a equipe dele”, afirmou Góes. “Não vamos abrir mão disso (do diálogo).”
O governador ressaltou ter dito ao presidente Macron que as diferenças entre os presidentes não pode estar acima do projeto. “Vamos trabalhar para que essa relação seja refeita”, destacou o governador, que esteve com representantes da embaixada da França antes da reunião com o líder europeu.
“O Consórcio da Amazônia será interlocutor”, contou. “É preciso que esse tom entre eles seja revisto. Estamos falando de aquecimento global, de desigualdades, de oportunidades. Não aceitamos mais sermos vítimas (da falta de relação) daqueles que devem nos representar nessa grande agenda, seja internacional, seja nacional.”
Góes disse que decidiu agir. “Não aceitamos ficar discutindo o futuro da nossa gente sem ouvi-la. Por que ficar fora? Por que a comunidade mundial vai debater sem ouvir a comunidade local? Já somos vítimas de tantas coisas, temos a maior vulnerabilidade social. Não acreditamos em soluções se estivermos fora desse debate, seja com a comunidade nacional, seja internacional.”
O consórcio dos governadores planeja, inclusive, agir sozinho, segundo Góes, caso os governos brasileiro e francês não retornem à boa convivência. “Não vamos abrir mão. Governadores da Amazônia estão certos da importância de dialogar com a comunidade nacional e internacional. Não estamos nos posicionando contra o governo nacional, há três governadores do partido de Bolsonaro. Estamos nos posicionando é a favor de uma agenda de interesse da Amazônia e mundial.”