Segundo a Polícia Federal, o ex-governador do Tocantins Marcelo Miranda (MDB), preso na Operação 12º Trabalho na quinta-feira passada, dia 26, presenteou o desembargador Ronaldo Eurípedes, ex-presidente do Tribunal de Justiça do Tocantins com uma caminhonete Toyota Hilux.
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Aos 91, 'criador' do Tocantins assume vaga no SenadoMP do Tocantins aprova licença-prêmio retroativa a 15 anos para promotoresJustiça bloqueia bens de ex-governador do Tocantins por 'eleição suplementar'O caso foi um dos fatos destacados pelo Ministério Público Federal para pedir a prisão de Miranda, seu pai, Brito Miranda, e seu irmão, Brito Júnior. Na representação enviada à 4ª Vara Federal de Palmas, a Procuradoria apontou ainda que foi identificada possível participação do trio em "episódios de pistolagem, peculato, corrupção passiva, coação de testemunhas e lavagem de capitais".
O pedido foi acolhido pelo juiz federal João Paulo Abe, da 4ª Vara de Palmas, que determinou o cumprimento de ordens de prisão contra a família Miranda e a realização de buscas em endereços dos investigados.
A investigação teve como base diferentes operações, entre elas Reis do Gado, Marcapasso, Pontes de Papel, Convergência, e a Lava-Jato. O pedido enviado à 4ª Vara Federal de Palmas, no entanto, cita ainda elementos de outra investigação, a Operação Thot, que apura suposto esquema de venda de sentenças na Justiça do Tocantins.
A ação foi deflagrada em agosto de 2018 e tinha como principal alvo o desembargador Ronaldo Eurípides, suspeito de receber R$ 300 mil em troca da liberdade de um homem que havia sido condenado como a 76 anos de prisão mandante de quádruplo homicídio no interior do Estado.
Segundo relatado no despacho de 115 páginas do juiz federal João Paulo Abe, que deflagrou a operação, a Polícia Federal apontou que ao longo das investigações da Thot foram identificadas suspeitas de que a ligação entre Eurípedes e Miranda seria sustentada pela empresa Construarte, que celebrou, em 2016, os contratos 76, 96, 143 e 187 com o TJ-GO. A corporação indicou ainda que somados, os contratos totalizariam R$ 1.419.835,35.
Segundo o Portal da Transparência do Tribunal, os objetos dos contratos eram: a reforma do Fórum da Comarca de Araguacema; a reforma e ampliação do Fórum da Comarca de Itacajá; serviços de adequação das instalações elétricas para revitalização da climatização do hall central e modernização da iluminação das áreas comuns do Palácio Rio Tocantins, sede do Tribunal de Justiça do Estado; e execução de serviços de adequação do estacionamento privativo e do Espaço Saúde do TJ-TO.
O Ministério Público Federal indicou que em razão de tais contratos, o desembargador teria ganhado uma Toyota Hilux adquirida pela concessionária Umuarama. Segundo a Procuradoria, a empresa é de propriedade de Luiz Pires, apontado como operador de esquema de lavagem de capitais da família Miranda.
Defesas
Quando a 12º Trabalho foi deflagrada a defesa da família Miranda soltou nota. "Posso afirmar que não há razão para um decreto prisional. Os fatos investigados são passados, distantes da atualidade que justificasse uma prisão".
Sobre os fatos da operação Thot, a defesa de Marcelo Miranda afirmou: "essa investigação tramita no STJ, por conta da prerrogativa do desembargador. Marcelo Miranda não é investigado lá, e nem a Justiça Federal pode se manifestar sobre isso porque não tem competência".
O Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ-TO) disse, em nota, "que não se pronuncia sobre fatos que ainda estão sob investigação".