O subprocurador-geral da República Moacir Guimarães Morais Filho encaminhou um ofício ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) nesta segunda-feira (30/9) pedindo que o órgão apreenda todos os exemplares do livro “Nada menos que tudo – Bastidores da operação que colocou o sistema político em xeque”, escrito pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. Na obra, Janot revela que planejou assassinar a tiros o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, em 2017.
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“A prova da confissão da suposta conduta delituosa está a suscitar comentários na sociedade e nas instituições, razão pela qual o suplicante considera nociva à divulgação do livro sem que sejam excluídos dele os capítulos relativos ao fato confessado pelo autor da obra”, detalha o subprocurador-geral da República no pedido ao CNMP.
Dessa forma, Moacir Guimarães pede, como medida cautelar, que seja determinada a apreensão do livro, “retirando-os das bancas de vendas, a prova material da confissão do fato”.
Além disso, em caso de os exemplares da obra não terem sido oficialmente distribuídos para venda, o membro do Ministério Público Federal solicita que “sejam retiradas as páginas do relato revelado pelo autor, isto como medida preventiva para evitar a propagação do incitamento à violência e à prática do juízo arbitrário das próprias razões em situações como a relatada” por Janot.
“Ira cega”
No 18º capítulo do livro, intitulado “Uma tempestade quase perfeita – enquanto houver bambu, lá vai flecha”, o ex-PGR detalha o momento em que ficou diante de Gilmar Mendes em uma antessala do plenário do STF, há dois anos, e quase atirou contra a cabeça do ministro. Na obra, contudo, Janot não faz referência ao nome do magistrado.
Nas palavras de Janot, ele teria perdido a paciência contra Mendes devido a declarações do ministro contra a filha dele, a advogada Letícia Ladeira Monteiro de Barros.
“Quando atacavam Letícia com aquelas insinuações maldosas, era como se estivessem arrancando meu fígado sem anestesia. Num dos momentos de dor aguda, de ira cega, botei uma pistola carregada na cintura e por muito pouco não descarreguei na cabeça de uma autoridade de língua ferina que, em meio àquela algaravia orquestrada pelos investigados, resolvera fazer graça com minha filha”, escreveu Janot.
Segundo o ex-PGR, ele só não deu sequência ao fato devido à “mão invisível do bom senso”. “Só não houve o gesto extremo porque, no instante decisivo, a mão invisível do bom senso tocou meu ombro e disse: não”, explicou.