A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou um assessor do vereador cassado pela prática de rachadinha, Cláudio Duarte, por crime de ameaça ao vice-presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Jair di Gregório. Na finalização do inquérito apresentada nesta sexta-feira (4), os policiais também concluíram que “tecnicamente” a presidente da Casa, vereadora Nely Aquino não foi ameaçada. Os dois receberam mensagens na véspera da votação que tirou o mandato do parlamentar pela prática de rachadinha.
Leia Mais
Em sessão com reforço policial, vereador da rachadinha é cassado na Câmara de BH'Não serei uma Marielle', diz, emocionada, presidente da Câmara de BH sobre ameaças Segurança da Câmara de BH é reforçada após ameaça de morte a vereadoresProcuradoria da Câmara de BH analisa pedido de cassação de Mateus Simões por empurrãoCâmara de BH recebe pedido de cassação de presidente por uso de carro e segurançaSegundo o delegado-chefe do 1º Departamento de Polícia Civil Wagner Sales, o crime de ameaça a Jair se configurou no áudio, que indicava a intenção de matá-lo. De acordo com o inquérito, Roberto disse ter agido sozinho por motivações políticas. “Nos autos não foi comprovada a participação do vereador Cláudio Duarte, que inclusive compareceu espontaneamente para prestar depoimento”, disse o delegado.
Não houve conclusão de quem era a voz que ameaça explodir o vereador Jair di Gregório.
Roberto Freitas trabalhou como assessor do vereador Cláudio Duarte de janeiro de 2017 a agosto de 2019. Segundo a assessoria da Câmara, ele foi contratado com um salário de R$ 2,2 mil e, em dezembro de 2018, teve o contracheque ampliado para R$ 11.652,30.
A investigação apontou que o vídeo com o filho de Nely foi gravado por um irmão de outro assessor de Cláudio Duarte chamado Giovane. Ouvido pela polícia, ele afirmou que a intenção seria denunciar o uso irregular de veículo e assessores da Câmara Municipal para fins particulares, no caso, levar o filho à escola.
Nova Marielle
No dia da votação da cassação de Cláudio Duarte, a vereadora Nely Aquino fez um discurso emocionado e disse ter sido ameaçada, mas que não se tornaria uma nova Marielle Franco, se referindo à parlamentar assassinada no Rio de Janeiro.
Questionado sobre o fato de o material ter sido enviado na véspera da votação e sem que uma denúncia sobre a suposta prática de improbidade administrativa tivesse sido feita até então, o delegado Wagner Sales disse que a vereadora Nely Aquino pode ter se sentido ameaçada, mas “tecnicamente” isso não configura o crime previsto no Código Penal, que fala em prometer causar mal injusto ou grave a alguém.
Segundo os delegados, o Ministério Público está investigando se houve improbidade administrativa da presidente da Câmara. No inquérito, a instituição informou que o uso do carro e dos assessores era protocolar, já que ela havia relatado estar sendo ameaçada.
O crime de ameaça prevê como punição a detenção de um a seis meses e pode ser convertido em penas alternativas. O inquérito será encaminhado ao Ministério Público. A defesa de Roberto ainda não se posicionou sobre o indiciamento. .