Em meio a um clima tenso por causa da discussão do projeto “Escola sem partido”, um novo pedido de cassação foi protocolado na Câmara Municipal. Desta vez, o alvo é a presidente da Casa, vereadora Nely Aquino (PRTB), acusada de cometer improbidade administrativa por usar a estrutura de segurança e transporte do Legislativo fora das suas dependências.
A advogada Glaucinara Campos, autora do pedido, disse que pediu apenas esclarecimentos e averiguações sobre o uso de bem público e que não tem nada pessoal contra Nely. Segundo a acusação, ela usou o carro oficial para buscar o filho na escola.
Ainda segundo ela, a cassação ocorrerá se ela de fato tiver usado irregularmente a estrutura da Câmara. “Cito essas consequências mas não estou requerendo cassação ou perda de mandato. A Justiça que tem esse dever e poder de investigar”, afirma.
O caso tem relação com o vídeo enviado à presidente da Casa na véspera da sessão que cassou o mandato do então vereador Cláudio Duarte pela prática de rachadinha. O material mostrava o filho de Nely em um carro acompanhado por segurança e motorista da Câmara.
Ameaças
Nely acionou a polícia dizendo se tratar de uma ameaça contra a vida do filho. “Estou muito nervosa pra falar a respeito, mas minha família vem sofrendo ameaças e, hoje, na véspera do processo de cassação, recebi vídeos onde meu filho de 6 anos era monitorado, apesar das providências tomadas. Peço a Deus neste momento pelos meus”, registrou no Instagram no dia.
No mesmo dia, o vice-presidente da Câmara, Jair di Gregório, recebeu um áudio dizendo que queriam explodi-lo.
Na sexta-feira passada, a polícia apresentou a conclusão do inquérito no qual entendeu que não houve ameaça contra Nely, mas somente contra Jair. De acordo com os policiais, a vereadora pode ter se sentido ameaçada, mas o autor do envio do vídeo disse que sua intenção era expor o suposto uso irregular da estrutura da Câmara pela presidente.
Ainda segundo os policiais, o caso do uso dos funcionários do Legislativo está sendo investigado pelo Ministério Público, mas durante o inquérito a Câmara informou que Nely tinha prerrogativa para garantir a segurança de seus familiares por causa de ameaças anteriores.
A assessoria da Câmara informou que houve o pedido de cassação e que ele será analisado pela Procuradoria da Casa, que emite parecer pela aceitação ou arquivamento. Disse ainda que Nely “vai se posicionar somente após votação para manter a neutralidade no processo”.