Um ex-assessor parlamentar denunciou nesta terça-feira, 15, à Procuradoria-Geral de Justiça um suposto esquema de "rachadinha" - quando o servidor repassa parte ou a totalidade de seu salário ao político que o contratou - no gabinete do deputado estadual Gil Diniz, líder do PSL na Assembleia Legislativa de São Paulo. Segundo ele, a prática era "comum", e haveria também uma "funcionária fantasma".
Diniz foi assessor de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) entre 2016 e 2018, quando se elegeu deputado. Conhecido como "Carteiro Reaça", ele atualmente é vice-presidente do diretório do PSL de São Paulo, presidido por Eduardo. A sigla avalia lançar seu nome para a Prefeitura de São Paulo, nas eleições do ano que vem.
Alexandre de Andrade Junqueira foi lotado no gabinete de Diniz entre 20 de março e 31 de julho e ganhava, em média, R$ 15,5 mil. "Presenciei por várias vezes a circulação de dinheiro em espécie e o pagamento de diversas contas particulares com esse dinheiro oriundo da 'rachadinha'", afirmou no documento protocolado nesta terça.
Junqueira narra que seu vínculo com Diniz começou durante a campanha. "Quando me juntei a ele para apoiá-lo (foi) em virtude de suas ideias." O ex-assessor especial parlamentar diz que, "logo no início", pediram para que "devolvesse parte do salário" e, "principalmente, as GEDS (gratificações), que só foram incorporadas ao meu salário para que eu as devolvesse em dinheiro para o deputado". Não há, no Diário Oficial do Estado, registro de atribuição de "Gratificação Especial por Desempenho", bonificação chamada de GED no Legislativo.
Junqueira afirmou ao jornal O Estado de S.
Segundo ele, todos os assessores que recebem o salário "no teto" fazem rodízio das gratificações, "que costumam ser sacadas em dinheiro para pagamento das contas de apoiadores do deputado estadual Gil Diniz". "Tenho conhecimento que o mesmo procedimento ocorre na Liderança do PSL na Assembleia Legislativa de São Paulo", afirmou o ex-servidor na representação. O jornal procurou a assessoria do deputado, mas não obteve retorno até a conclusão desta edição.
Queiroz
A prática da "rachadinha" também é investigada na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.