A cúpula do PSL e o presidente Jair Bolsonaro vivem dias de tensão. O auge da crise dentro do partido, no entanto, ocorreu nesta quinta-feira (17/10), em um dia que culminou em destituições e áudios vazados.
A crise, no entanto, não teve início nesta quinta. O Correio separou uma lista com 10 motivos e fatos que ajudam a explicar o confronto entre o partido e a ala bolsonarista dentro do Congresso.
Investigações contra PSL e Bivar
Em 4 de outubro, o Ministério Público denunciou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e outras 10 pessoas por envolvimento em um esquema por uso de candidaturas laranjas na última eleição. Em Pernambuco, um dos alvos da Polícia Federal é o presidente do PSL, Luciano Bivar. Ele é acusado de usar candidatas mulheres para desviar dinheiro do fundo especial de campanha, mas nega as acusações.
''Esquece o PSL''
Em 8 de outubro, ao cumprimentar apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro pediu a um homem, que se apresentou como pré-candidato do PSL em Recife (PE), para esquecer o partido. "Esqueça o PSL, tá ok?", disse Bolsonaro. O homem, em resposta, disse que ele, Bolsonaro e Luciano Bivar estão "juntos por um novo Recife". Ainda no áudio é possível ouvir a hora em que Bolsonaro fala sobre Bivar: "O cara tá queimado para caramba lá".
Saída jurídica e novas legendas
Com a divulgação do áudio, na semana passada, Bolsonaro passou a buscar uma saída jurídica para tentar se desligar do partido. Ele assinou um requerimento para pedir a Bivar apresentar a prestação de contas do partido nas eleições de 2018 e tornar públicas informações sobre as finanças da legenda. Dessa forma, o presidente e outros parlamentares interessados poderiam usar eventuais irregularidades para pedir a desfiliação por justa causa — ou seja, sem que haja perda de mandato.
Nesse cenário, Bolsonaro começou a conversar com outras cinco legendas para tentar estabelecer um novo vínculo partidário. Com isso, cresce a pressão para que a cúpula do PSL expulse deputados bolsonaristas da legenda.
Operação da PF
Nesta terça-feira (15/10), Bivar foi alvo de mandado de busca e apreensão. A Operação Guinhol investiga esquema de candidaturas laranjas — o que poderia justificar saídas do PSL, segundo o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Admar Gonzaga.
União para tirar Waldir
Também na terça-feira (15/10), deputados bolsonaristas deram início a um movimento para tentar destituir o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO). Isso porque além de obstruir a votação da medida provisória da reforma administrativa e tirar o líder do governo, o deputado Major Vitor Hugo (GO) da comissão especial que analisa a aposentadoria dos militares, Waldir também se uniu à Bivar. O deputado chegou a negar negociações para saída do PSL.
Áudios vazados
Na quarta-feira (16/10), diálogos do presidente Jair Bolsonaro com um deputado foram vazados pela Revista Crusoé. Na gravação, Bolsonaro tenta convencer parlamentares a assinarem uma lista para tirar o Delegado Waldir do cargo de líder da legenda. Em resposta ao áudio, Bolsonaro disse que a divulgação foi "desonestidade".
Delegado fica
A ideia era trocar Delegado Waldir pelo filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (SP). Ele chegou a ser anunciado como novo líder do partido na Câmara, mas o partido entregou uma lista com 29 assinaturas a favor de manter o líder.
Joice sai
Nesta quinta-feira (17/10), Bolsonaro decidiu tirar a deputada Joice Hasselmann da liderança do governo do Congresso, após a deputada ter votado contra Eduardo para ser o novo líder do partido. No lugar de Hasselmann, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO) assumiu o cargo.
Eduardo e Flávio também saem
Também nesta quinta (17/10), Bivar decidiu retirar Flávio e Eduardo Bolsonaro dos diretórios do partido no Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente.
Implodir o presidente
A insatisfação é tão grande dentro do partido que um áudio de uma reunião de deputados federais do PSL vazou para a imprensa nesta quinta. Na gravação, é possível ver Delegado Waldir dizer que vai "implodir" Bolsonaro, caso ele tente promover mudanças dentro da sigla. E que era fiel a "esse vagabundo".