O ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda (sem partido) foi indiciado pela Polícia Federal sob a asucação de ter recebido pelo menos R$ 1 milhão, para as campanhas de 2008 e 2012, da empreiteira Odebrecht na forma de caixa dois. Nas duas ocasiões ele foi eleito para o comando da capital mineira. Além de Lacerda foram indiciadas mais sete pessoas envolvidas no esquema.
Em delação premiada, Benedicto Barbosa da Silva Junior e Sérgio Luiz Neves, ex-diretores da Odebrecht, disseram à PF ter feito o repasse, via caixa 2, ao ex-prefeito, apelidado de “poste” na planilha encontrada no HD externo de computador apreendido do escritório de Pier Giorgio Sensi, tesoureiro da campanha de Lacerda.
O pagamento de propinas estaria vinculado a contrato de parceria público-privada (PPP), firmado em julho de 2012, entre a Prefeitura de BH e o grupo Odebrecht, para a construção e manutenção de unidades de Ensino Infantil (Umei), no valor de R$ 819, 3 milhões, pelo prazo de 20 anos.
Em 2014, um aditivo incluiu outras 14 UMEis, reajustando o contrato para R$ 975,6 milhões.
Em 2014, um aditivo incluiu outras 14 UMEis, reajustando o contrato para R$ 975,6 milhões.
Em nota, a defesa do ex-prefeito afirmou que “manifesta seu absoluto inconformismo com o
noticiado indiciamento realizado no curso de inquérito policial, sequer finalizado” e acredita que o Ministério Público e o Poder Judiciário coibirão “excessos”.
Sobre as doações, informou que todos os recursos recebidos foram declarados oficialmente.
“O ex-prefeito demonstrou, com base em documentos manuscritos apreendidos pela PF na própria Odebrecht, que a tese que fundamenta o indiciamento não se sustenta sobre a realidade dos fatos. Em nenhuma obra da gestão de Marcio Lacerda houve qualquer tipo de contrapartida, propina ou troca de favores. Todas as obras foram definidas por processos licitatórios absolutamente transparentes e submetidos a várias instâncias de controle interno e externo”, diz a nota, assinada pelo escritório Sad Advogados Associados.
Depoimento
Em agosto do ano passado, Marcio Lacerda prestou depoimento à PF em que negou a prática irregular e apresentou documentos que disse comprovar que todas as doações recebidas para suas campanhas foram legais.
Na ocasião, a empreiteira divulgou nota em que afirmou coorperar com as autoridades e estar “focada no exercício de suas atividades e na conquista de novos projetos".