O pedido de desculpas que o presidente Jair Bolsonaro direcionou ao Supremo Tribunal Federal (STF) após publicar um vídeo que ironizava os ministros da Corte está longe de ser a primeira saia-justa do Planalto. O chefe do Executivo precisou voltar atrás sobre diversas declarações nesses quase 10 meses completos de governo. De 1° de abril a 29 de outubro, o presidente escreveu 4.914 tuítes. Usou a palavra "desculpa" em 11 mensagens, segundo levantamento da Bites Consultoria feito a pedido do Correio. Muitas delas foram usadas em tom de ironia, como quando Bolsonaro pediu desculpas por "não indicar inimigos como ministros" e quando disse que a oposição deveria se desculpar por tratar a população brasileira como idiota.
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'Punhado de hienas', reforça assessor de Bolsonaro sobre vídeoBolsonaro diz que vídeo com leão e hienas foi 'erro' e pede desculpas ao SupremoApós repercussão negativa, Bolsonaro apaga vídeo de leão e hienasJair Bolsonaro critica comentarista da Globo News que o chamou de 'ex-presidente'Veja outras ocasiões em que o presidente se desculpou publicamente enquanto chefe do Executivo:
Maria do Rosário
Seguindo determinação judicial, o presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas à deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), pelo Twitter. Cinco anos atrás, o então deputado afirmou que a parlamentar não merecia ser estuprada porque ele a considera "muito feia" e porque ela "não faz" seu "tipo". Bolsonaro foi condenado pelo Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) a pagar R$ 10 mil de indenização por danos morais, recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), que mantiveram a decisão original.
"Caneladas"
Bolsonaro abriu a agenda para receber líderes do PSDB, DEM, PSD, PP, PRB e MDB para pedir votos favoráveis à reforma da Previdência na Câmara. Aproveitou a ocasião para pedir desculpas por "caneladas" durante a campanha eleitoral e expôs a ideia de criar um conselho político para ajudar a sentir a temperatura do Congresso a cada 15 dias. A coalizão não saiu do papel.
Imigrantes nos Estados Unidos
O presidente pediu desculpas pelo comentário que fez na véspera de uma entrevista à Fox News, nos Estados Unidos, e reconheceu o equívoco ao afirmar que a maioria dos imigrantes que vão para o país não têm boas intenções ao chegar lá. "Foi um equívoco da minha parte, peço desculpas aí. Tem muita gente que está de forma ilegal aqui (nos Estados Unidos) e isso é uma questão de política interna deles, não é nossa. Me desculpem aí", afirmou em entrevista coletiva na cidade de Washington.
Declarações do passado
Lutando para melhorar o relacionamento com partidos de centro e centro-direita, o presidente Bolsonaro reuniu-se com líderes partidários para ouvir queixas sobre o isolamento dele e de seus ministros. O discurso conturbado também foi alvo de críticas e, em uma ocasião especial, o presidente chegou a pedir desculpas ao presidente do PSD, Gilberto Kassab, por declarações do passado. Bolsonaro teria chamado o ex-ministro de Michel Temer de "porcaria".
Povo judeu
Depois de receber críticas do presidente israelense, Reuven Rivlin, e do Museu do Holocausto em Jerusalém por ter afirmado que "poderia perdoar, mas não esquecer" o extermínio de 6 milhões de judeus pelos nazistas, Bolsonaro enviou uma carta à embaixada israelense no Brasil para se explicar. Afirmou que perdão "é algo pessoal", disse que "nunca" disse sobre o tema "num contexto histórico" e que qualquer outra interpretação só interessa para afastá-lo dos "amigos judeus".
Antes de ocupar o mais alto cargo do Executivo, Bolsonaro também precisou dar publicidade a pedidos de desculpa. Os mais emblemáticos foram o pedido de desculpas pela declaração do filho, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), sobre o STF — Eduardo falou em vídeo sobre a possibilidade de acabar com a Corte — e à presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, sobre os excessos da campanha eleitoral.
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