A ex-deputada e ex-candidata a vice-presidente nas últimas eleições Manuela Dávila (PCdoB) pretende usar “feminismos” para propor diálogo e reverter o clima de revanchismo que há com a falta de compreensão política e das ideias em torno dessa forma de pensar os comportamentos. “Não somos mulheres que odiamos, mas que amamos”, disse, em reflexão proposta no livro “Por que lutamos?”, de autoria dela.
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Manuela diz à PF que parte da troca de mensagens com hacker sumiuConversas entre Manuela e hacker duraram nove dias, diz PFManuela D'Ávila depõe e entrega celular para a perícia da PF no caso do hackerA obra, segundo Manuela, traz experiências vividas por ela e atualiza modos de perceber como as mulheres, mesmo em 2019, ainda são afetadas pelo machismo. “É um livro de amor”, define.
Manuela, ao tratar da conjuntura mundial, considera que o cenário político atual contribui para que as mulheres sejam mais afetadas que os homens. “Fomos as mais punidas com a reforma trabalhista e as saídas que são construídas agora são ainda mais cruéis e isso não é casual”, afirmou em conversa com o Estado de Minas.
Para ela, a solução para buscar uma alternativa para essas situações que penalizam mais as mulheres está no diálogo. Para isso, ela propõem uma conversa em que expõe as experiências para tentar aproximar as mulheres, em alguma medida, de reflexões sobre as formas de vivenciar os “feminismos” e, a partir daí, lutar dentro de suas possibilidades para uma sociedade mais igualitária. “Não há nenhuma pretensão de escrever um livro teórico sobre feminismos. Temos muitas intelectuais que ocupam esse espaço. É um livro para quem está chegando. Mulheres de diferentes idades”, afirmou.
Para ela, a solução para buscar uma alternativa para essas situações que penalizam mais as mulheres está no diálogo. Para isso, ela propõem uma conversa em que expõe as experiências para tentar aproximar as mulheres, em alguma medida, de reflexões sobre as formas de vivenciar os “feminismos” e, a partir daí, lutar dentro de suas possibilidades para uma sociedade mais igualitária.
No livro, a ex-deputada relata casos, como o do dia, em 2018, em que foi entrevistada no programa da TV Cultura, “Roda Viva”, que fazia uma série com os vice-candidatos nas chapas que concorriam à Presidência.
No episódio, segundo relato, ela foi interrompida por diversas vezes e mal conseguia concluir as respostas. No texto ela conta que o pior dia se tornou um dos melhores, pois, pela primeira vez, ela percebeu que a repercussão foi diferente e as pessoas perceberam que havia ali um comportamento abusivo que ocorria por ela ser mulher, já que a mesma situação não foi experimentada por outros entrevistados homens.
No episódio, segundo relato, ela foi interrompida por diversas vezes e mal conseguia concluir as respostas. No texto ela conta que o pior dia se tornou um dos melhores, pois, pela primeira vez, ela percebeu que a repercussão foi diferente e as pessoas perceberam que havia ali um comportamento abusivo que ocorria por ela ser mulher, já que a mesma situação não foi experimentada por outros entrevistados homens.
Há um termo recorrentemente utilizado por mulheres para se referir à pratica de alguns homens de não permitir que elas concluam suas frases e argumentações, o “manterrupting”. O termo foi inspirado no artigo “Speaking While Female” (Falando enquanto mulher), de autoria de Sheryl Sandberg, chefe de operações do Facebook, e Adam Grant, professor da escola de negócios da University of Pennsylvania, publicado em 2015 no jornal The New York Times.