Jornal Estado de Minas

Carlos Bolsonaro defende pai, ataca Globo e publica supostos áudios da portaria do condomínio

Vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) foi ao Twitter na manhã desta quarta-feira para defender o pai e presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). O parlamentar atacou a TV Globo, que apurou que o porteiro do condomínio onde Jair Bolsonaro residia disse que a entrada do ex-policial militar Élcio de Queiroz teria sido liberada por alguém (“seu Jair”, segundo apuração da TV Globo) que estava na casa do então deputado federal no dia do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), em 14 de março de 2018. Carlos exibiu supostos áudios que desmentem a informação, publicada pela emissora na noite dessa terça-feira, durante o Jornal Nacional.

Carlos mostra um áudio da portaria do Condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, no qual Élcio, que o parlamentar diz não conhecer, visitaria a casa 66, não a 58, como apontado pela TV Globo. A residência 58 é onde morava Bolsonaro, já a 66 seria a do ex-policial militar Ronnie Lessa, apontado pela polícia como assassino de Marielle. Élcio teria sido o motorista no crime que culminou na execução da vereadora e do motorista que a conduzia, Anderson Gomes. Entretanto, no próprio vídeo publicado pelo filho do presidente, percebe-se que houve uma chamada para a residência 58, mas às 15h58, não por volta das 17h.

A TV Globo diz que a residência de Ronnie seria a 65, não a 66, como apontado por Carlos. “A Globo, sabendo dos fatos e podendo esclarecê-los, preferiu levantar suspeitas contra o presidente e alimentar narrativas criminosas. Um simples acesso aos registros internos do condomínio mostra que no dia 14/03/2018 nenhuma solicitação de entrada foi feita para a casa 58”.

Carlos continuou: “Nos registros, é mostrado que às 17:13, uma solicitação de entrada foi feita por uma pessoa de nome Élcio para a casa 65.
Nem antes, nem depois dessa ligação há tentativa de contato com Bolsonaro”.

Por fim, o vereador atacou a Globo: “O nível de canalhice demonstrado pelos autores da matéria lixo exibida no Jornal Nacional é inadmissível! Os fatos foram deixados de lado para que ficasse no ar a suspeita. Nem eu imaginava que poderiam ser tão imundos! Lixos enganadores!”. Carlos também explica que teve acesso aos áudios pois é morador da casa 36 do condomínio.

Bolsonaro, que está na Arábia Saudita, disse que as informações do processo de investigação estão sob sigilo e insinuou que teriam sido vazadas pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). "Que ele que se explique agora como que vazou esse processo", disse. "Ou o porteiro mentiu ou induziram o porteiro a cometer um falso testemunho, ou escreveram algo no inquérito que o porteiro não leu", continuou.

O presidente também disse estar à disposição para falar com a polícia na investigação sobre a morte de Marielle. "Eu gostaria muito de falar neste processo, conversar com esse delegado", disse. Bolsonaro afirmou que, "pelo que tudo indica", o processo sobre a morte de Marielle está "bichado" e pediu ao Conselho Nacional do Ministério Público que "supervisione o processo".

Bolsonaro também alegou que estava na Câmara dos Deputados, em Brasília, no dia em que Élcio foi ao condomínio.
Com a citação pelo porteiro do nome do presidente, representantes do Ministério Público do Rio de Janeiro foram a Brasília em 17 de outubro para fazer consulta ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. Eles questionaram se podem continuar com investigações, uma vez que o nome de Bolsonaro foi mencionado. Toffoli ainda não respondeu.
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