"Os guardiões Paulino e Laércio (Guajajara) deixaram a vila em busca de água quando pelo menos cinco homens armados foram demitidos e dispararam dois tiros contra os povos indígenas", informou no Twitter a Secretaria de Direitos Humanos do Maranhão.
Luto na Terra Indígena Araribóia. Toda a força aos Guaridões da Floresta do povo Guajajara, que protegem a floresta seu território e os parentes isolados Awá Guajá. https://t.co/BaV5hT5MP6
— ISA (@socioambiental) November 2, 2019
O ataque ocorreu na noite de sexta-feira na terra indígena de Arariboia, localizada a cerca de 500 quilômetros de São Luís, capital do estado, informou a secretaria. Paulo Paulino Guajajara, também conhecido como Kwahu Tenetehar, "levou um tiro no pescoço e morreu na selva. Seu colega, Tainaky Tenetehar, levou um tiro nas costas e outro no braço, mas conseguiu escapar", relatou a ONG Survival International em comunicado neste sábado.
O Greenpeace juntou-se às expressões de pesar ao afirmar que "Paulino e Laércio são as vítimas mais recentes de um Estado que se recusa a cumprir o que determina a constituição". "Repudiamos toda a violência gerada pela incapacidade do Estado de cumprir seu dever de proteger este e todos os territórios indígenas do Brasil", acrescentou a organização.
A pesquisadora da organização Sarah Shenker esteve na região em abril deste ano e explicou que o trabalho dos Guajajara também é importante para proteger outros povos indígenas da região, como os Awá, que vivem isolados.
"O governo brasileiro tem que aceitar que é sua responsabilidade proteger essas terras. Que sua ausência lá é o que empurra os guardiões a assumirem essa defesa, um trabalho muito difícil e perigoso", disse Shenker à agência AFP. Três outros guardiões morreram em ataques anteriores. "Kwahu trabalhou com grande determinação, apesar de tantos obstáculos e recebendo constantes ameaças de morte", acrescentou Shenker.
Shenker argumenta que, no contexto político do Brasil, os indígenas permanecerão na luta. O presidente brasileiro Jair Bolsonaro é conhecido por defender a exploração comercial de terras indígenas e áreas preservadas. "É hora de acabar com esse genocídio institucionalizado. Pare de autorizar o derramamento de sangue de nosso povo!", disse Sonia Guajajara, coordenadora da Associação dos Povos Indígenas do Brasil, no Twitter, após o crime.
O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, também se manifestou por meio do Twitter. "A Polícia federal irá apurar o assassinato do líder indígena Paulo Paulino Guajajara na terra indígena de Arariboia, no Maranhão. Não pouparemos esforços para levar os responsáveis por este crime grave à Justiça", escreveu.