O presidente Jair Bolsonaro declarou, neste sábado (2), que guardou os áudios da portaria do condomínio onde tem casa. Os arquivos se referem ao dia do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). Segundo ele, a medida busca preservar o conteúdo das conversas feitas entre os porteiros e os moradores do local, que fica na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
"Nós pegamos, antes que fosse adulterado ou alguém tentasse adulterar. Pegamos lá toda a memória da secretária eletrônica. Tudo que é guardado há mais de ano. A voz não é a minha, não é o seu Jair", disse, referindo-se à pessoa que deu autorização para que Élcio Queiroz, um dos presos por suspeita de participação no crime, entrasse no condomínio.
Bolsonaro diz que "desconfia" que o porteiro que o citou nas investigações tenha sido induzido a agir dessa forma. "Leu sem assinar ou induziram ele a assinar aquilo, entre aspas", disse. Em seguida, voltou a atacar o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC). Segundo o presidente, Witzel só se elegeu graças ao seu filho, Flávio Bolsonaro, atual senador pelo PSL.
"Um mês depois, virou inimigo nosso. Começou a usar a máquina do Estado para perseguir o Flávio, o Carlos, agora, e o Hélio Negão", desabafou. Witzel assim agiu, na análise de Bolsonaro, porque tem obsessão para ser presidente da República. O governador teria se aproveitado do cargo para ter acesso a documentos sigilosos em um processo que corre em segredo de Justiça.
Concessão da TV Globo
Bolsonaro também voltou a criticar a TV Globo, emissora que primeiro divulgou a citação do nome de Bolsonaro na investigação. "Acabou a mamata TV Globo", afirmou, acrescentando que a emissora deverá apresentar um pedido de renovação da concessão pública "arrumadinho para 2022".
"Estou dando o aviso antes. Não vou perseguir ninguém, mas não vai ter jeitinho para renovar a concessão, não. Estou aguardando vocês me convidarem (para uma entrevista)", disse, em tom de recado. "Estou aguardando um espaço de 15 minutos ao vivo para falar sobre o caso de Marielle. Se for inteligente, vai abrir antes que eu abra um processo", acenou.
REAÇÃO
Após a declaração, os líderes da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), e no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), informaram que iriam acionar a Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro, sob a alegação de que o presidente cometeu "obstrução de Justiça", ao "ter se apropriado de provas relacionadas às investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes".Os líderes informaram em nota que "também pedirão que seja determinada a devolução do material que Bolsonaro se apropriou ilegalmente e que todo o conteúdo seja periciado".
RELEMBRE O CASO
Reportagem do Jornal Nacional veiculada na terça-feira, 29, mostrou que o porteiro do condomínio onde o presidente tem casa contou à polícia que horas antes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o ex-PM Elcio Queiroz, suspeito de participação no crime, teria dito que iria à casa 58 - que pertence ao presidente.
De acordo com depoimento porteiro, cujo nome não foi revelado, uma ligação teria sido feita para a casa 58 e que "seu Jair" atendeu o telefone e autorizou a entrada. Ainda segundo o porteiro, Elcio Queiroz seguiu para a casa de Ronnie Lessa, outro suspeito do assassinato. Registros da Câmara dos Deputados mostram que, no dia do assassinato de Marielle, Bolsonaro estava em Brasília.
Um dia depois da exibição da reportagem, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, exibiu arquivos obtidos por ele na portaria dos quais não havia registros da ligação mencionada pelo porteiro à polícia. No mesmo dia, o Ministério Público do Rio, numa entrevista coletiva, afirmou que o porteiro havia mentido no depoimento.
Uma das integrantes do MP que participaram da entrevista coletiva, Carmen Bastos de Carvalho, fez campanha para Bolsonaro. E, nesta sexta-feira, dia 1º, diante da repercussão negativa, deixou as investigações da morte de Marielle e do motorista. Bolsonaro falou sobre as gravações "não adulteradas" quando foi questionado, neste sábado, sobre a atuação da promotora. "Olha só, deve ter no meio de vocês gente que votou em mim, deve ter, com toda a certeza. Agora a promotora resolveu sair, tá certo?".
O presidente repetiu que estava em Brasília, conforme comprovado pelas passagens no painel eletrônico. Bolsonaro não deu, no entanto, detalhes sobre quando pegou as gravações e o que quis dizer sobre "adulterações." Ao falar sobre o tema, ele voltou a atacar o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC). "Agora, quem está por trás disso? Eu não tenho dúvida, governador Witzel, que só se elegeu graças ao meu filho, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ)".
Após as declarações do pai, Carlos Bolsonaro afirmou, no Twitter que, se não tivesse "acesso às gravações dos áudios", "hoje, além do linchamento moral proposital que (Bolsonaro) sofre diariamente, certamente já estariam discutindo seu impeachment". (Com agências)
De acordo com depoimento porteiro, cujo nome não foi revelado, uma ligação teria sido feita para a casa 58 e que "seu Jair" atendeu o telefone e autorizou a entrada. Ainda segundo o porteiro, Elcio Queiroz seguiu para a casa de Ronnie Lessa, outro suspeito do assassinato. Registros da Câmara dos Deputados mostram que, no dia do assassinato de Marielle, Bolsonaro estava em Brasília.
Um dia depois da exibição da reportagem, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, exibiu arquivos obtidos por ele na portaria dos quais não havia registros da ligação mencionada pelo porteiro à polícia. No mesmo dia, o Ministério Público do Rio, numa entrevista coletiva, afirmou que o porteiro havia mentido no depoimento.
Uma das integrantes do MP que participaram da entrevista coletiva, Carmen Bastos de Carvalho, fez campanha para Bolsonaro. E, nesta sexta-feira, dia 1º, diante da repercussão negativa, deixou as investigações da morte de Marielle e do motorista. Bolsonaro falou sobre as gravações "não adulteradas" quando foi questionado, neste sábado, sobre a atuação da promotora. "Olha só, deve ter no meio de vocês gente que votou em mim, deve ter, com toda a certeza. Agora a promotora resolveu sair, tá certo?".
O presidente repetiu que estava em Brasília, conforme comprovado pelas passagens no painel eletrônico. Bolsonaro não deu, no entanto, detalhes sobre quando pegou as gravações e o que quis dizer sobre "adulterações." Ao falar sobre o tema, ele voltou a atacar o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC). "Agora, quem está por trás disso? Eu não tenho dúvida, governador Witzel, que só se elegeu graças ao meu filho, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ)".
Após as declarações do pai, Carlos Bolsonaro afirmou, no Twitter que, se não tivesse "acesso às gravações dos áudios", "hoje, além do linchamento moral proposital que (Bolsonaro) sofre diariamente, certamente já estariam discutindo seu impeachment". (Com agências)