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Estado de Minas

Eduardo Bolsonaro faz convite para evento sem autorização

Deputado gravou vídeo chamando a população para assistir a filme sobre regime militar em uma área pública. Iniciativa, no entanto, não teve aval da Administração Regional do Distrito Federal, órgão responsável pela emissão de licenças


postado em 07/11/2019 15:44 / atualizado em 07/11/2019 16:08

(foto: Reprodução/Youtube)
(foto: Reprodução/Youtube)
Um convite que circula no WhatsApp tem provocado polêmica nas mídias sociais e gerado críticas por parte de parlamentares da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). O material mostra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), convidando a população a assistir ao filme 1964: o Brasil entre armas e livros, na Vila Planalto, bairro localizado entre os palácios do Planalto, da Alvorada e do Jaburu.

 

Durante a gravação, o deputado diz que a produção audiovisual "conta a história do Brasil" e "desagrada seu professor de história, que tenta te enviesar ideologicamente para que você acredite apenas no que ele diz". Em grupos de WhatsApp circulam, ainda, um texto com informações sobre o evento e uma imagem com o cartaz do filme. 

 

 

Cartaz informa data, hora e local de exibição do longa-metragem 1964: o Brasil entre armas e livros(foto: Reprodução/WhatsApp)
Cartaz informa data, hora e local de exibição do longa-metragem 1964: o Brasil entre armas e livros (foto: Reprodução/WhatsApp)
Na foto, a exibição está marcada para esta quinta-feira (7/11), às 19h, na área atrás da Igreja Nossa Senhora do Rosário de Pompéia. No rodapé, há uma logo com o nome de Eduardo Bolsonaro e, na mensagem de texto, os espectadores são incentivados a levar cadeiras para assistir ao longa-metragem. O comunicado também fala de um projeto intitulado Cine Brasil, cujo objetivo é propagar, em praças públicas, a "verdade sobre os acontecimentos mais importantes" do país.

Apesar do agendamento, o Correio Braziliense apurou que o evento não tem autorização para ser realizado. No DF, conforme estabelece a Lei Distrital nº 5.281/2013, atividades de caráter eventual — sejam elas públicas ou privadas e que produzam reflexos no sistema viário ou na segurança pública — precisam de autorização das administrações das respectivas regiões administrativas, com requerimento apresentado até 30 dias antes. Por meio de nota, a Administração Regional do Plano Piloto informou que "não há, no dia 7 de novembro, evento com licença para ocupação de área pública no local mencionado".
 

Indignação

 
A ideia também não agradou a grupos de moradores da Vila Planalto. Para a jornalista e escritora Leiliane Rebouças, 44 anos, a exibição do filme representa um "desrespeito à história da população da Vila Planalto". "Somos vizinhos dos três palácios e somos testemunhas oculares de vários momentos da história do país. Não vejo de forma boa o filho do presidente da República trazer, para um local que sofreu com a ditadura no Brasil, um filme que deturpa a história", criticou.

Leiliane acrescenta que a ideia entre os que se indignaram não é impedir a exibição, mas repudiar a iniciativa. "Como alguém eleito democraticamente fala, em uma semana, sobre a implantação de um ato institucional inconstitucional e começa a querer apresentar filmes que mostram esse regime autoritário como algo bom? Nenhum regime autoritário é bom", completou a jornalista.

Uma professora e moradora da Vila Planalto que preferiu não se identificar afirmou que a comunidade da região não entendeu o motivo da escolha do local, principalmente por se tratar de um deputado eleito pelo estado de São Paulo. "Não queremos censura de forma alguma. Sabemos que o espaço é público. Mas não houve nenhum tipo de acordo e fomos surpreendidos com esse evento. Além de desrespeitar as regras administrativas, ele tem um viés político muito estabelecido", comentou. 

Notas de repúdio

 
Nota de repúdio assinada pelos deputados distritais Fábio Felix (PSol) e Leandro Grass (Rede)(foto: Reprodução)
Nota de repúdio assinada pelos deputados distritais Fábio Felix (PSol) e Leandro Grass (Rede) (foto: Reprodução)
Os deputados distritais Fábio Felix (PSol), Leandro Grass (Rede) e Arlete Sampaio (PT) emitiram notas de repúdio à ideia. Nos documentos, eles criticam o fato de agentes públicos e grupos políticos terem a intenção de "reescrever a história do Brasil". 

Nota de repúdio publicada pela deputada distrital Arlete Sampaio (PT)(foto: Reprodução)
Nota de repúdio publicada pela deputada distrital Arlete Sampaio (PT) (foto: Reprodução)
"É inadmissível que qualquer pessoa defenda o Golpe Militar de 1964. Tratando-se de um deputado federal, eleito pelo povo, que tomou posse jurando defender a Constituição Federal, além de filho do presidente da República, é ainda mais grave", afirma o texto assinado por Arlete Sampaio.

Integrantes da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar da CLDF, Fábio Felix, que preside o comitê, e Leandro Grass consideraram o convite uma "afronta à democracia".
 
"Nós, deputados distritais, repudiamos qualquer ato que reafirme ou defenda a ditadura no Brasil. Enquanto defensores da Constituição Federal, os parlamentares, sejam distritais, estaduais ou federais, devem prezar pela democracia. Qualquer atitude diferente desta deve ser repudiada", ressaltaram. 

A assessoria do deputado Eduardo Bolsonaro afirmou que dará um retorno sobre o caso nesta quinta-feira (7/11).
 

Assista ao trailer do filme:  


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